30 de setembro de 2012

A POESIA DE CIDA


O AGRADECIMENTO DA POETISA

Caro professor, amigo, poeta e... muitas coisas mais, (inclusive, promotor de meus versos).

Cida Vilas Boas


Com o término do mês de setembro, desejo que meus agradecimentos por revelar meu poema"Saudades" na internet, se estendam a seus alunos que tão carinhosamente souberam interpretá-lo.


Sinto-me amiga de todos e "derretida" de amores por eles. Foram muito condescendentes para com meus versos e, me parece, fizeram a "lição de casa" de maneira a demonstrar seus conhecimentos de nossa literatura e corresponder àquilo que receberam deste professor tão empenhado em seu trabalho.

Parabéns, Prof. Admmauro. Eu já sabia de sua pedagogia enriquecedora e de seu esforço em proporcionar aos universitários tamanha dedicação.

Um favorzinho: Revele a seus alunos que eles estão definitivamente em meu coração e que já me sinto como uma ajudante deles e uma mãe que ora pelo progresso intelectual de seus filhos.

Sinto muitíssimo por não ter podido interagir com todos. Esse foi o único senão a aborrecer-me.

Obrigada,  meu caro Professor.
Obrigada, gente amiga da FAMASUL! 
Cida


 
OPINIÃO DOS UNIVERSITÁRIOS DA FAMASUL
Só consegui ler (a poesia de Cida) com a emoção de uma prazerosa leitura que até parece ser escrita para os nossos corações. - Carla Cristina.

A poetisa Cida mostra um lado humano, sentimental e que talvez nunca tivéssemos coragem de revelá-lo de uma forma tão natural. - Vanessa Paula.

A obra da poetisa Cida Vilas Boas (...) possui um lado sentimental que mexe com o pensamento do leitor, fazendo-o refletir sobre aspectos do convívio social. - Tamiris Manuela.

A poesia de Cida Vilas Boas nos faz viajar para um mundo encantado da paixão e do amor, nos trazendo de volta a beleza desses sentimentos. - Douglas Rocha.

A poesia de Vilas Boas, suave, merece e deve ser trazida à luz para o conhecimento e apreciação do publico. - George Gouveia.


 

A PUREZA DA POESIA
Admmauro Gommes
  
A. Gommes
CIDA VILAS BOAS é uma poetisa que tem escondido sua arte do grande público, mas que agora, com a motivação do Professor Wilson Santos (FAMASUL), resolveu nos premiar revelando seus textos, em primeira mão, neste blog. Esperamos que a arte DE CIDA por si, no sentido mais ambíguo possível, uma vez que sua poética reveste-se de uma pureza muito grande e sutilmente trata de temas profundos como a amizade sincera e o deslumbramento entre duas pessoas que se amam diante do ato amoroso, quando ela percebe em “Céu de sol em plena noite”, para fazer referência ao momento de prazer, ou na constatação cruel que “todos têm taças de dor.” Em outras palavras, Cida abre sua caixa de sonhos e segredos nessa estreia em professordeliteratura.blogspot.com.br
 
Wilson Santos

Portanto, mergulhemos na emoção de uma poesia envolvente. Como bem disse Wilson, “Um bom poeta é aquele que me emociona, faz-me saborear em seus textos as delícias da vida, levando-me à grande viagem pela lua, estrelas, mar e florestas... no encontro com os passarinhos, borboletas como o brilho do sol, em uma manhã de inverno. Ou o frescor do vento, em um final de tarde de verão. É assim que vejo a poetisa Cida, a tradução do grande calor humano, ilustrado nos versos, a beleza dos passos humanos.” Não precisa dizer mais nada. Vamos aos versos:


POEMAS DE CIDA


AMIGO

 
Amigo, ah! se eu pudesse
remover toda nuvem escura
instalada no seu coração
adentrar os túneis sombrios
percorrer a trilha obscura
tirá-lo da escuridão
pintar com réstias de luz
do sol que sempre reluz!

Amigo, ah! se eu pudesse
abaixar o febril desconsolo
aquecer o gelo da alma
esvaziar esse poço de dor
com leve sopro do amor!

Amigo, ah! se eu pudesse
enxugar seu pranto com calma
ofertar-lhe uma rosa molhada
do sereno da noite estrelada
que chora por seu torpor.

O sorriso então se faria
sua face assim mudaria
o abraço afinal chegaria
e o amor, por fim, jorraria.

Ah! se eu pudesse, amigo
fazê-lo entender duma vez
que alegria tem esse poder
de fazer esquecer o lamento
pois todos têm sofrimento
todos têm taças de dor.

Seguiríamos, amigo
os dois, a andarem ao léu
mãos nas mãos...
sonhos diáfanos debaixo de um véu
ornando o "agora", esse  "momento"
sorrindo em paz com ternura de céu.

Na certa, a porção do amor
em algum lugar há de estar.
Um dia , com toda certeza
haveremos de encontrar.

Espera, amigo! Sonha, confia!
Entrega esse fardo de dor
reparta comigo esse peso
que assim a leveza é maior
e a vida terá mais sabor.
 





CATEDRAL DO AMOR


No lusco-fusco do quarto
encortinado, atapetado
doce canção irradia
romance, ternura, amor
que embala o sonho dourado
da amada pelo amado
ansiosa a esperar.

Lençóis alvos de cetim
essência suave de flor
(rosa, cravo e jasmim)
inunda o ambiente
em tudo se faz presente
aquele amor tão ardente
pintado de tantas cores
que um mágico pincel
desenha, até distraído
rubros corações no céu.

Chuva de aroma festeja
a chegada triunfal
daquele querido, amado
sorridente, jovial
contemplando com doçura
aquela que com bravura
conquistou seu coração.

Quatro braços se entrelaçam
sorriso, pranto, paixão
num sonho intenso, gratuito
sem preconceito, sem medo
sem pressa e alheamento
só concentrando o momento
em grandiosa emoção.

Dois seres, agora, em transe
como anjos, sem o chão
voam pra junto às estrelas
que de alegria reluzem
como fogo a acendê-las.
(É assim que elas encantam
as noites, insones e calmas
do poeta e trovador
daqueles que tocam almas
espantando a sua dor).

Os amantes com ardor
num mundo novo se aninham
se falam e se afagam
num especial idioma
de quem tem todo sintoma
de amar e se dar valor.

Céu de sol em plena noite
luz, clarão, grande fulgor
veste o casal de amados
que finalmente se entregam
na catedral do amor.





O SORRISO DA MADRUGADA

 A noiva Madrugada
toda engalanada
com véu de estrelas
reluzentes, cintilantes
grinalda exalando
essências perfumadas
de flores orvalhadas
a coroar a rainha
da noite que se acaba.

Trêmula pelo vento suave
qual abano de asas de anjos...
Ou seriam arcanjos?
Não, ou, nada importa!
Esse séquito divino aguarda
o noivo amado que não tarda.
E, afinal, no vértice do horizonte
surge ele, alado, assombrado
com a beleza  daquela
prometida e tão sonhada.

Com eclosões de luzes
esplendores, raios dourados
o Astro-Rei
estende os braços alongados
para enlaçar sua amada
desejada, sublimada
em amor, toda transformada.

Adeus, Madrugada!
Felizes sejam! Exclama
da janela, o Poeta
que assiste o Sorriso da Madrugada.


29 de setembro de 2012

E POR FALAR EM SAUDADE



A Saudade já foi decantada por todos os poetas, mas sempre se apresenta envolvendo os mais profundos sentimentos. Vamos aproveitar esse tema, visto pela poetisa Cida e apreciá-lo, à luz da Teoria Literária. 





 
Leia, ao final desta página, os comentários sobre o poema
SAUDADES
                      Cida Vilas Boas  

Saudades são sementinhas
de amor, sonho e paixão
semeadas em terra fértil
regadas por gotas suaves
do orvalho ao amanhecer
cultivadas com carinho
como o perfume sutil
da roseira do portão.

Saudade não é tristeza
é renovar a certeza
de momentos de amor
passados, mas relembrados
nas asas esvoaçantes
do colibri numa flor.

Saudade, eterna lembrança
de quem um dia a seu lado
tomou espaço cativo
amarrando em belo laço
almas ligadas no amor.

Não chore por quem se foi!
Não chore por ter saudade!
Que seja sempre bem-vinda
por trazer-lhe a paz bendita
e ao coração... mansidão.

E quando a lágrima teima
em correr como cristais
que sejam mananciais
lá de um cantinho do céu
renovando o momento
que, apesar de estar ao léu
é agora, eternizado
numa nuvem azulada
que paira acima da dor
num bailado de amor.
c                          omente

12 de setembro de 2012

PROFUNDAMENTE


TEORIA DA LITERATURA I

Justifique a presença de uma das funções da literatura (evasão, lúdica, sinfronismo, ânsia de imortalidade e compromisso) no poema abaixo de MANUEL BANDEIRA.


Manuel Bandeira
  PROFUNDAMENTE

      Publicado no livro Libertinagem (1930)

 

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes, cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.

No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam, errantes

Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

 

*

 

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.

    

BANDEIRA, Manuel. Antologia Poética.  

Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. pág. 81.