Poeta e professor de
Teoria Literária
da FAMASUL (Palmares
– PE)
Ao
Mais
Recente Nobre da Realeza Britânica
Sua
Alteza Real Alexander George Louis, Príncipe de Cambridge.
Alteza:
Inicialmente,
queira aceitar minhas escusas pelo incômodo tão cedo. Vossa Alteza chegou há
pouco e já lhe trago embaraços. Mas é assim mesmo. Quem vai governar tem que
ouvir os súditos (mesmo que sejam de outros reinos).
Para
que o Brasil se libertasse oficialmente de Portugal, no período
pós-Independência, recorremos à sua Coroa inglesa que nos emprestou 3,7 milhões
de libras esterlinas. Atualmente, isso é muito pouco para resolver os estragos
que fizemos, no entanto, considere meu pedido, pois acho mesmo que um novo
tempo vai chegar quando Vossa Alteza, já consagrado George II, assumir o poder.
Não tem problema, nós somos pacientes e esperamos por nova ajuda.
Por
falar em endividamento, há uma máscara usada para que apareçamos bem nesse
item, pois pagamos mais de 150 bilhões de juros por ano, e isso seria
suficiente para cobrir todas as despesas com Saúde, Segurança, Educação,
Justiça e Infraestrutura. Recentemente, não sei quem descobriu essa maracutaia
(desculpe-me pela palavra feia!) e o povo ficou sabendo. Então, as praças se
encheram de esperança, os jovens lideraram os velhos líderes, esfumaçaram uma
Copa das Confederações que foi realizada em solo brasileiro e até na visita do
Santo Papa Bergoglio, houve protesto nas imediações do Palácio da Guanabara,
sede governamental do Rio de Janeiro.
Como o
Príncipe pode ver, o mundo inteiro só fala neste momento de sua chegada, da
visita do Papa Francisco ao Brasil e das manifestações populares do povo
brasileiro. Por aqui, todos estão nas ruas, reivindicando desde a revogação do
aumento de R$ 0,20 (são vinte centavos mesmo!) no preço do transporte coletivo,
a melhores salários, atendimento hospitalar, mais casa, mais segurança, mais
comida... como eu disse, 3,7 milhõezinhos de libras não resolveriam o nosso
caso!
Depois,
quando os ânimos estiverem mais acomodados, voltarei a dar notícias da terra
que era de Santa Cruz, afinal, Vossa Alteza tem apenas três dias de vida e não
deve agora se preocupar com quem tem quinhentos anos de confusão.
Como
não tenho outras palavras para concluir esta missiva, termino como disse Pero
Vaz de Caminha:
“Beijo
as mãos de Vossa Alteza.”
Deste
Porto (in)Seguro, da Ilha de Vera Cruz, hoje, quinta-feira, 25 de julho de
2013.
Um
brasileiro.