27 de dezembro de 2014

POESIA: AVE DE ARRIBAÇÃO

                     Admmauro Gommes

Poesia se parece
Com ave de arribação
Levanta voo no infinito
Se confunde com a amplidão
E o poeta é um menino
Com u'a gaiola na mão.

Ele fica na espera
Na hora da revoada
Pra ver se ela se ilude
E cai na sua jogada.
Tem dia que o poeta
Coitado, não pega nada.



Mas no dia do caçador
A ave perde a noção
Vem doidinha lhe encontrar
Com toda satisfação.
Aí o poeta astuto
Lhe prende no alçapão.


Leia os comentários de: 
Roberto de Queiroz, Marcia SilvaCida Vilas Boas, Gabriela Raianne, Marcondes Calazans, Zulene Oliveira, Ricardo Guerra...


17 de dezembro de 2014

MURILO GUN VOLTA AO PROGRAMA DO JÔ




Há 17 anos, em 1997, no dia 17 de dezembro, Murilo Gun esteve pela primeira vez no Programa do Jô. 


Murilo Gun foi entrevistado pelo Jô há quase 20 anos porque era considerado um pequeno "gênio" da internet por ter feito um site milionário com apenas 14 anos. Depois, ele voltou para fazer Humor da Caneca com seu stand up. O mais interessante é que agora, 20 anos depois da primeira entrevista, ele acabou de voltar de um projeto da NASA. Apenas 60 pessoas no mundo foram selecionadas para ir a universidade da NASA para debater temas sobre futurismo para erradicar os problemas do mundo e ele foi eleito o orador da turma. Hoje ele voltou ao Programa do Jô (17.12.2014)
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Comentários 

Pois é, professor Admmauro Gommes, a gente espera o dia todo para assistir a volta de Murilo Gun ao Programa do Jô! e ele só passa 1 bloco, que pena! Um cara cheio de conteúdo deveria ter sido mais explorado. Mas mesmo assim, o nosso pernambucano porreta com sotaque e tudo, sempre se sai bem. Obg. por me avisar, manda um abraço pra esse outro fenômeno, o pai dele, Vital Correia! - LEANDRO LOBO, apresentador do Programa Relaxa e Nova, da Rádio Nova Quilombo FM, Palmares, PE.


Murilo Gun, filho do intrépido e hipermoderno poeta Vital Corrêa de Araújo. O menino é um gênio! Acima do nosso tempo. - MARCONDES CALAZANS, professor universitário e historiador, Palmares, PE.





Espetacular, contemporâneo e carregado de bom humor. Para quem, como eu, já fez parte da plateia de um dos shows de standup comedy ou palestras do jovem prodígio Murilo Gun, estas palavras definem muito bem o que se pode observar nas suas performances. - DIEGO MOREIRA, professor universitário e escritor.



Murilo Gun é a grande expressão do humor brasileiro. Ele consegue transitar entre todas as camadas do riso. Do simples ao profundo; da mera diversão do standup, ao ensinamento pedagógico que reorienta a prática empresarial. Sua inteligência e perspicácia transformaram-no em uma prodigicidade que a cada dia mais se destaca. Passou dez semanas na Singularity University (Vale do Silício), centro de estudos fundado pela Nasa e Google, esteve na Argentina, em Genebra... em Recife e pelo país afora. Realmente, Leandro Lobo: um bloco só no Programa do Jô foi muito pouco! – ADMMAURO GOMMES, professor de literatura e poeta.


Gun tem seu legado já estabelecido. Às vezes não entendemos a piada com sua forma de falar rapidamente, fazendo com que se torne muito mais engraçada sua apresentação. No programa do Jô, dia 17 de dezembro de 2014, o humorista mostrou maturidade e segurança no que fala e no que “ainda está para existir,” pela sua passagem na NASA. Desejo todo sucesso ao filho de VCA. - ADEMAC GOMMES, Designer .




2 de dezembro de 2014

MELO NETO E O SENTIMENTO SOB CONCRETO

por Admmauro Gommes


No meio de mais de três mil páginas de textos acadêmicos produzidos pelo Prof. Dr. José Francisco de Melo Neto, da UFPB, encontrei treze poemas, sufocados pela intelectualidade do autor. Sufocados, pois é apenas uma amostra de sua poética, escondida no imenso mar de investigações científicas e filosóficas. O sentimentalismo deve ter sido amordaçado, enquanto a vida pragmática e invejável do professor fosse tão exitosa. Por isso, como resultado da falta de tempo para o ócio criativo, mesmo sem perder a qualidade, o eu-lírico se fragmenta em quase todos os textos analisados (“Águas do guaíba, porto alegre/ cair do sol, brilho do mar” p. 478).
José Francisco de Melo Neto
Mesmo considerando a ponderação de Carlos Drummond de Andrade, que o amor não “resultou inútil,” Melo Neto pressentiu (antes tarde do que nunca), que o tempo passou, e o sentimento atordoado ficou reclamando um lugar, por menor que seja, perto (nunca ausente) do filósofo e do intelectual. Melhor dizendo, os treze poemas denunciam bem mais as particularidades do poeta que todo o restante de sua produção científica, quando esta representa o exterior, os versos radiografam o íntimo, quase imperceptível, como em: JÁ NE PAS – “De repente/silêncio mudo.//Um beijo/que cala tudo.//Um ar/de respirar.//Um mar/de te beber.//O ar/o mar de amar.//Jane pas.”  (pp. 473-474). O “de repente” pode ter durado uma vida inteira até chegar ao “silêncio mudo,” somente agora diagnosticado.
Embora a preocupação ambiental seja uma das marcas deste homem combatente político-social, que se avulta como menestrel em nome da Humanidade (Cidade deserta – “A cidade foi ferindo a mata” p. 471), o lirismo continua a reclamar pela necessidade do afeto: “Palavras, olhares/Palavras, vapores/Valores, coração.” (p. 471); e, mais adiante, “noite alta, cama, quarto de hotel/ luzes apagadas, afago o ar” (p. 477). Afago no ar?
É uma poesia que se apresenta como um calidoscópio que reflete ampla visão de mundo, verificada em tantos versos como no poema Flor do serrado: “Computação. Simulação. Ergonomia./Sessão especial. Discurso./Festa e painel./Produtos naturais. Coca-cola. Tv./E eu sem você!” (p. 472). E segue insatisfeito com a praticidade da vida, denunciando a ausência do ente querido que, ao se envolver/conquistar mundos pragmáticos, dele esteve afastado (“E eu sem você!”).
Como o lirismo se mostra pouco, diante dos grandes volumes acadêmicos, vamos continuar conhecendo fagulhas de José Francisco de Melo Neto, que, além de seu olhar inquieto, atento aos problemas e conflitos do mundo contemporâneo, foi eclipsado pelo pragmatismo ditatorial onde os centros acadêmicos aprisionam a liberdade de criação artística.
Somente com a insubordinação sobre o dito e o posto é que se liberta das algemas. Segundo o próprio autor, elas giram em torno de “surrealismo repressão liberdade/...invasão às faculdades/ de concreto de massa de saber,” por isso o “o medo congela o pensamento/tristeza” (p. 479). A tristeza do poeta, que não percebe ao dilacerar o sentimento sob as lajes de concreto, esvazia-se de tanta contemplação, o que pode se resumir nas quase mudas palavras que sugerem um imenso vazio: “o lar/ a casa/ o mar” (p. 470). Pena que são apenas treze poemas!




Referência:
MELO NETO, José Francisco de. Produção acadêmica
Vol. 6. João Pessoa: UFPB, 2014.




30 de novembro de 2014

SAUDAÇÃO DE IMPROVISO AO POETA GENÉSIO CAVALCANTI

Por Admmauro Gommes - Cine Teatro Apolo, Palmares, PE (29.11.2014)                          

Prezado amigo e poeta Genésio, minhas senhoras e meus senhores:

          O intuito desta fala é fazer uma breve saudação ao poeta Genésio Cavalcanti e quero fazê-la a partir do pensamento dos ilustres professores que prefaciaram as obras Alma de Poeta e Noites ensolaradas, lançadas neste momento.
Começo com a frase que abre o prefácio escrito pelo eminente professor Marcondes Calazans. Ele levanta a seguinte indagação: “O que seria a vida sem o poeta?” Eu fiquei pensando nas inquietações que levaram Calazans a fazer esse questionamento. Eu, que tive a oportunidade de ler, ainda em forma de manuscrito, os poemas que ora se publicam, comecei a imaginar que caminhos levaram a tal indagação e constatei que só se pode conhecer Genésio Cavalcanti quem convive com ele, quem tem acesso a sua intimidade ou quem ler esta obra. Nos poemas desse livro, vi a profundidade do sentimento que o autor carrega, representada agora na figura humana e pública que ele é.
Genésio Cavalcanti
       Desse modo, ninguém conhece um escritor ao não ser que se tenha acesso aos seus escritos, como em Alma de Poeta, onde podemos muito bem verificar uma radiografia dos sentimentos do escritor. Destaquei também a ingenuidade de um adolescente através da visão madura que um poeta que conhece muito bem os caminhos da poesia. Quando o professor pergunta o que seria a vida sem o poeta, imagino que ele estivesse pluralizando, reconhecendo a coletividade. Eu transferiria essa questão para o que seria de Palmares sem os poetas.
A literatura, por assim dizer, é esse patrimônio imaterial que destaca Palmares em todos os recantos. Se alguém puder imaginar Palmares sem Ascenso Ferreira, sem Juareiz Correya, sem Juarez Carlos, sem Ricardo Guerra, sem Luciano França, sem Wilson Santos, sem Francisca Rodrigues, sem Luiz Alberto Machado, sem Rubem Machado, sem Os Griz de Palmares, sem Telles Júnior, sem Jaorish, sem Socorro Durán, sem Jussara Cury, sem Vilmar Carvalho, sem Luciano França... Se alguém puder imaginar Palmares sem a presença desses e de tantos outros poetas, certamente vai constatar um vazio na alma desta cidade e por assim entender, Genésio aparece no momento sublime, como bem aqui destacou o professor e radialista Douglas Marques, elevando a alma de todos nós.
Genésio Cavalcanti surge no instante em que – aproveitando-me das palavras do Dr. Luciano França - a Terra de Hermilo está “Renascendo em poesia.” Palmares vive um renascer poético e esta noite festeja também o centenário do Cine Teatro Apolo, quando este poeta nos premia com o lançamento de duas de suas obras. Foi então que passei a entender a pergunta de Calazans: o que seria a vida sem o poeta, sem Genésio Cavalcanti? O que seria a vida sem a poesia?
Perguntaram certa vez a Ferreira Gullar e ele disse muito bem: “A realidade da vida é muito dura, é muito difícil, e é por isso que se faz poesia.” É por isso que precisamos de poesia para enfrentar as duras realidades da vida; a vida com as suas contrariedades. Assim, a poesia nos dá esse alento, nos dá esse conforto e por isso estamos aqui reconhecendo o surgimento de um novo poeta nos livros que contêm verdadeiras revelações de sua alma. A bem da verdade, caberia um único título: A alma de poeta em noites ensolaradas.
Termino as minhas palavras, nesse momento de efervescência cultural, registrando com grande júbilo, o renascimento da Academia Palmarense de Letras, presentes aqui seus representantes. Portanto, estamos vivendo no tempo da plenitude literária e você, Genésio, é um desses ícones que vem ilustrar ainda mais as letras palmarenses.
Para finalizar, quero me valer das palavras do meu professor Wilson Santos, no prefácio que escreveu: “Genésio, você nos diz que a tradição literária continua viva.”
Muito Obrigado!


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UMA NOITE DE ENCANTO DA ALMA
Por Marcondes Calazans


A noite da data de 29 de novembro de 2014 deixou uma marca, talvez até a "marca para toda a vida dita" outrora dita por Hermilo Borba Filho quando se referiu a Palmares, em um de seus momentos de introspecção poética mais profundos.
Encanto, reencanto fizeram da noite um grande momento de reencontro, quando se fez presente parte da nata sociedade palmarense que gosta de poesia, e que sempre se dispôs envolver pela mágica tão inerente a Palmares.
Nos últimos 40 anos de história de Palmares, confesso jamais ter sido testemunha de momentos tão inspiradores em se tratando de evento tão transcendental.
Arcádia rutilou, a musa que sempre inspirou poetas e poetizas.
Os 100 anos do cine teatro Apolo foi emblemado pelo escritor, poeta, restaurador, resgatador Genésio Cavalcanti.
Como almejei que a noite da data de 29 de novembro de 2014 não acabasse jamais...os sons, os versos, as imagens ainda vibram em mim, sacolejam a minha alma sedenta por mais e mais e mais...
Tudo bem! Eu tenho os livros, tenho os discos, tenho Genésio o qual posso procurar para tocar e ver, ouvir e chorar nas lembranças de dona Celecina ao piano, num concerto musical que assisti ao vivo pela primeira vez.
Obrigado Poeta Genésio pela oportunidade ímpar, singular que se eternizou em meu coração e se impregnou em minha alma.



23 de novembro de 2014

SUGESTÃO DE LEITURA

Além dos livros indicados pelos professores de cada disciplina, sugiro que o profissional formado em Letras tenha lido, ao final do curso, as obras abaixo relacionadas. (Admmauro Gommes)




           PROSADORES
1. Pero Vaz de Caminha - A Carta
2. Joaquim Manuel de Macedo - A Moreninha
3. José de Alencar - Iracema
4. Machado de Assis - Dom Casmurro
5. Aluísio Azevedo - O Cortiço
6. Graciliano Ramos - Vidas Secas
7. Dias Gomes - O Pagador de Promessas
8. Franz Kafka - A Metamorfose
9. Cervantes - Dom Quixote
10. Fernando Sabino (crônicas)

           POETAS
1. Gregório de Matos
2. Tomás Antonio Gonzaga
3. Castro Alves
4. Olavo Bilac
5. Augusto dos Anjos
6. Ascenso Ferreira
7. Carlos Drummond de Andrade
8. Manuel Bandeira
9. Murilo Mendes
          10. Vital Corrêa de Araújo

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Professor:
Confesso que quando comecei o curso de letras odiei essa de história de ler, mas hoje admito que estou gostando mais, tenho ideias mais rápidas. Parabéns, para o senhor em ter me mostrado a importância da leitura para meu crescimento.
Romélia Milânia - 1º Período de Letras/FAMASUL (2014.2)


14 de novembro de 2014

O ULTRAFUTURO

Com análises de Marcondes Calazans e Jefferson Evânio sobre texto de VCA

          O “ultrafuturo” é um termo cunhado por VCA, no final de 2014, em um de seus artigos sobre poesia absoluta (Poesia além da mimética), esta que, na opinião dele, é atemporal. O ultrafuturismo, divergente do futurismo de Marinetti, não nega apenas o passado, mas vale-se dele para construir um ponto cardeal, ainda que oposto, sobretudo transpassador de tempos.
O futurismo era um presente que apenas apontava para o futuro, encantado com a velocidade das máquinas, em 1909. Pouco mais de um século distantes de nós, os seguidores do italiano Filippo Tommaso Marinetti foram ultrapassados exatamente pela máquina que os encantou, em sua última versão, o computador. Portanto, urgia que se lançasse uma semente bem mais longe, onde as engrenagens industriais não pudessem chegar, no indecifrável e sempre profícuo solo da mente humana. Como se sabe, existe uma capacidade infinita de possibilidades linguísticas a serem estudadas sobre o pensamento e suas formas inusitadas de “escrever” o mundo. É nesse lugar que se encaixará o ultrafuturismo de Vital Corrêa de Araújo. Uma linguagem carregada ao extremo de “ultrassentidos,” desconstrução permanente dos sintagmas verbais. Como ele mesmo afirma, é o “que virá do por vir vindo.”
 Com certeza, estamos falando de uma nova revolução da palavra e isso promove uma antecipação anacrônica (no sentido de contrariar o que é cronológico) do pensamento contemporâneo. É como se pudéssemos provar do futuro bem antes que ele nos encontre. O tempo que há de vir, talvez chegue daqui a cinco décadas, mas podemos dizer que ele já se pode acessar no plano da linguagem, obscura para uns, mas disponível para poucos, em forma de poesia absoluta.  (Admmauro GommesPalmares, PE, 11.11.14)




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POESIA ALÉM DA MIMÉTICA
Vital Corrêa de Araújo

            Têm sido extremamente válidas e sobremaneira significativas para mim as contribuições teóricas e as visões práticas expendidas, acerca do que seja ou possa ser poesia absoluta (no sentido de não ser relativa ao passado, com a marca vencida), dos professores da FAMASUL – Palmares: Admmauro Gommes, Sylvia Beltrão, João Constantino, Márcia Maria, Marcondes Torres Calazans, Ricardo Guerra e Romilda Andrade, entre outros, que se estão debruçando sobre essa avançada “modalidade de rima”, concorde com o tempo atual (o século XXI).
            A obra (de arte) poética deve refletir expressamente a experiência do tempo, revestir-se ou dar forma a um estilo da época em devir (em substância e não en passant). Estilo epocal (atual), que, por sua vez, reflita o mundo da atualidade a que pertença o ser. Ir ao devir e não viver do já ido. Pensar (e não passar) o tempo, não ser só passado pelo tempo. Viver e “fazer” a arte da palavra, in casu, que contenha e contemple esse tempo (hoje, agora) e vise ultrapassá-lo... e nunca regressá-lo.
            Daí, a poesia – que reflita o ser em devir – repudiar o estado mero de vivências pessoais (como pregava Dilthey, em Poesia e vida) e expressar a intuição do sendo e do será objetivamente (não o eu empírico mas a metamorfose do mundo). O imaginário devir, não o imaginário devém.
            Toda obra de arte consequente (de Rilke a Picasso, de Murilo Mendes a Kandinski, de CDA a Matisse) deve ser capaz de poder vencer o tempo, ultrapassá-lo, e nunca se limitar a comtemplar o umbigo do que passou. Isto é, despojar-se das meras e impassíveis realidades cotidianas para transcender as substancialidades fixas.
            Ao poeta absoluto (esse tipo de deus da nova palavra) cabe o milagre da transubstancialização (mais do que mera transubstancialidade) da palavra em ato de ação poética, que modifique ou contribua para transformar a realidade exterior, a partir da publicação do íntimo (do tempo).
            É essa ação espiritual a causa da poesia (nas duas acepções do termo causa: bandeira e razão. O ato poético (não relativo) absoluto, isto é, quando autêntico e transfigurador, cria o seu próprio corpo (forma), ativa o porvir e não é passivo dos débitos do passado que se arraste (soneticalmente ultrapassado). Não vive o poema absoluto do “ultrapassado”, porém se alimenta do ultrafuturo. É o poema (a forma) talhado à medida do homem de hoje. E não o homem já passado (ou estragado) de tempo vencido.
            A poesia elementar (passada) representa, descreve, denota algo, enquanto que o canto absoluto transfigura tal representação, tal mimética.
            Ao impor transfiguração ao ser das coisas (do homem, dos objetos, da sociedade), a poesia absoluta adquire, ativa-se, reverte-se de significado espiritual (e não de mero sentido passivo), manifestando a substância desse ser em ação (no ato poético absoluto).
            A coisa a que dê forma (quaisquer que sejam a coisa e a forma, nunca forma fixa – e deletéria) deve significar, ou melhor, ser significativa de algo diferente (e não o mesmo – de sempre, do passado), sendo ao mesmo tempo e simultaneamente sinal e coisa. É a impregnação de um sentido além que conceda expressividade (algo mais do que o sentido contenha ou abarque).
            Eis o famigerado sentido do poema absoluto. Um sentido nunca imóvel, fixo, definitivo, vencido. Mas sentido em devir. Devendo, não devido (ou nos devidos termos burocráticos do poema relativo ao passado que vive vegetativamente até hoje). Não sentido dado, porém sempre construído, em conjunto, pelo poeta e seu leitor. Nunca um sentido dado de todo, portanto, mas um além-sentido. Que transporte em si – esse ultrassentido – a experiência viva, vital do tempo e assim universalize e atualize o espírito humano em transporte espaciotemporal. Só via Poesia Absoluta (nova forma nova) é possível manifestar-se a substância da época (revolucionária tecnologicamente) que vivemos.

Maritain
            Jacques Maritain (e Raíssa), em Situação da poesia, dizia certeiramente que a arte deve estar sempre apontada para o eterno e não datada.
            Em época de tantos sucessos, a poesia não pode ponderar o passado e tratar do que sucedeu, mas ultrapassar o futuro, pela veia do imaginário (ou via da “imaginaria”), e dizer, conotar, expressar o que sucederá (o que virá do por vir vindo).
            Poesia que não só fulgure o ser real, como também o possível de sê-lo.

            Resumo: Si le monde etait claire, l’art ne serais pas. (Albert Camus). 


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ULTRAFUTURO E ULTRAFUTURALISMO
Marcondes Torres Calazans

Aqui, por sua vez irei me arriscar estabelecer relacionalidade entre o termo cunhado por Vital Corrêa “Ultrafuro”, à expressão “Ultrafuturalismo”, usado por Friedrich Nietzsche quando profeticamente saudou a Europa em fins do século XIX, predizendo para a humanidade uma era de conflitos que diria sim ao animal bárbaro, ou mesmo selvagem, que existe dentro de nós, o qual nasceria em seu estado embrionário no século XIX, se projetando no século XX, e, se consolidando no século XXI.
O termo apontado pelo filósofo Nietzsche assinala para uma consequência óbvia de conflito gerada pelo que se convencionava chamar de futuro inevitável da humanidade caracterizada por gastos elevados na fabricação de armas e pela transformação das mortes em subproduto da indústria em grande escala.
A Europa estava em pleno auge de sua vitalidade criadora, com Sigmund Freud mostrando todo um universo que existe além da razão; Karl Marx explicando cientificamente o capitalismo a ponto de demoli-lo, a partir da denúncia do Estado como produto e instrumento de controle da classe dominante, e Van Goghe, através de sua arte atormentada, reclamando uma sociedade mais humana.
Em seu livro “As palavras e as coisas”, Michel Foucault para entrar no campo das terminologias, apresenta-nos a expressão “similitudes" que, para ele, é a escrita das coisas, e o ser da linguagem.
No termo, ele questiona sobre as assimilações perguntando e respondendo ao mesmo tempo:
 “a partir de qual a priori histórico foi possível definir o grande tabuleiro das identidades distintas que se estabeleceu sobre o fundo confuso, indefinido, sem fisionomia e como que indiferente, das diferenças? Daquilo que, para uma cultura é ao mesmo tempo interior e estranho, a ser, portanto excluído (para conjurar-lhe o perigo interior), encerrando-o, porém (para reduzir-lhe a alteridade); a história da ordem das coisas seria a história do Mesmo — daquilo que, para uma cultura, é ao mesmo tempo disperso e aparentado, a ser, portanto distinguido por marcas e recolhido em identidades”. (FOUCAULT, São Paulo, 2000)

Considerando o termo acima, podemos concluir que o “Ultrafuturo” de Vital Corrêa é o “presente das coisas presentes”, e o Ultrafuturalismo de Friedrich Nietzsche é o “presente das coisas futuras”, ou seja, tudo se resume no agora.
Os códigos fundamentais de uma cultura — aqueles que regem sua linguagem, seus esquemas perceptivos, suas trocas, suas técnicas, seus valores, a hierarquia de suas práticas — fixam, logo de entrada, para cada homem, as ordens empíricas com as quais terá de lidar e nas quais se há de encontrar.
Talvez seja isso...


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TRANSMUTAR OS VALORES E ELEVAR A POTÊNCIA DE AGIR

Jefferson Evânio (História/FAMASUL)

Dois termos e um problema incitam a reflexão sobre esta espécie de “encantamento’’ e/ou elevação poética do pensamento do Devir. Talvez esta seja uma forma de revelação do Sein hiddegeriano, ocultado há séculos pelas “nuvens escuras’’ de nossa “natureza agressiva’’ (Freud), nosso “animal selvagem’’ (Nietzsche) de natureza egoísta (Kant). Romper com o pensamento de um campo de experiência fundado no Idealismo platônico-aristotélico, cristalizado pela cristandade e seus pensadores (o grande nome aqui é Tomás de Aquino. Este, por sua vez, uma espécie de transfigurador da filosofia em arte escolástica, que a legitima, que a oferece o suporte teórico que a teologia necessita para ter cor), de fato, é um desafio, desafio aliás já aceito por pensadores de “agora’’ – o quanto o pensamento de Heráclito, Nietzsche, Spinoza, Shopenhauer, parece fundar toda esta transmutação da linguagem.
A transmutação de valores, tema relevante na filosofia a golpes de martelo de Nietzsche, indica um meio (forma), único caminho possível de vencer o que denomina de “advento do niilismo’’. Este nihil que percorre todas as células do exato oposto do Super-homemn nietzschiano, afundou em águas gélidas as possibilidades de Aurora, criou entre as temporalidades uma espécie de “mortificação do devir’’, sacralizou um recorte imoral do passado, fundando no Ser e em seu presente as profundas rupturas com a criatividade humana. 
Para tal efeito, recordando o grande Spinoza, resta-nos tão somente saber como? Spinoza responde decifrando aquilo que move nossas ações, o que chama de “potência de agir’’. O pensamento imbricado na ação, a energia que nos torna estrelas, brilhamos agora, vivos, não depois. A vida em Spinoza é local de inscrição da reflexão do espírito humano, e manifestação de sua energia vital através dos movimentos do corpo. Então, somos livres! E a angústia definida por Jean Paul Sartre nos acompanhará sempre. E isso é uma dádiva e não um problema! Espíritos livres e angustiantes, negadores da poética passada – e sacralizadora do outrora -, buscam romper com o que Halévy definiu tão bem com duas expressões: “tijolos elementares imutáveis’’ que são defendidos até a morte pela “necessidade psicótica pela rigidez’’. Necessidade que teme o indecifrável, que alimenta a forma do pensar cartesiano e nega toda a ruptura.
Pois bem, sendo a transmutação e a potência de agir os fundamentos últimos já apontados por Nietzsche e Spinoza para uma reconfiguração do pensar o homem e sua experiência “trágica’’ – ou seríamos capazes de discordar de Freud ao apontar as causas do sofrer humano; “a prepotência da natureza’’, a fragilidade dos corpos e a incapacidade dos códigos que regulam as nossas condutas?’’ Este terceiro ponto nos interessa bastante. Pois somos culpados pela nossa desgraça. A “poesia,’’ assim como a Arte, tem sido por muito tempo, como apontou Umberto Eco, um espaço fictício para a fuga da Angst, a arte é assim espaço imaginário onde só lá e em lugar nenhum se encontra uma Verdade e harmonia que o tempo e a realidade objetiva enterrou. Zygmunt Baumam nos convida a refletir ao afirmar que “banidas da realidade, as verdades só podem esperar encontrar sua segunda morada, exilada na morada da arte’’.
Não sendo permitido escrever mais, pois não consigo expressar neste espaço delimitado que me forçou a recortar trechos de meu escrito para a aceitação de sua postagem pela máquina! A palavra que gostaria de salientar e a ÉTICA. Problematização da transmutação de valores, espécie de “Super –eu” freudiano da potência do agir humano.
Transmutar os valores implica à elevação da potência de agir Spinozana. Implica em rasgar o véu da concepção escatológica de tempo/espaço, constitui-se em um novo modus operandi do agir humano. Eeste, por sua vez, imbricado no devir. Sendo o termo “ultrafuturo’’ compreendido aqui como espaço (forma) de desconstrução de uma temporalidade objetal, sentimental, ideológica e cultural dada; imutável, sólida e permanente, resta-me considerar a preocupação ética que advém de projeto realmente consistente. 
Pressuponho ser a preocupação ética essa espécie de “sombra psicológica’’, talvez em sua forma mais primitiva sob a supervisão e/ou vigilância do “Super-eu’’ freudiano, o elemento fundamental a toda transfiguração da relação entre Ser e Tempo. Aqui, nossa reflexão tem um alvo que ultrapassa a primeira pessoa, o Outro. O universo do outro – não sua relação com o tempo -, mas, contudo, o conteúdo ideativo de sua condição humana. Até onde nos é permitido compreender o “ultrafuturo,’’ aplicado na conceituação de uma “Poesia Absoluta’’, entendemos o fundamento de sua solidez, sobretudo, quando se propõe a indagar uma poesia que da mesma forma consideramos fria, presa em seus sentidos cristalizados pelo poder de uma outrora vigiada. Não obstante, a ética, compreendida em nosso tempo (e essa nada tem a ver com seu “mito fundador,’’ isto é, o pensamento grego, onde a ética encontrou na pessoa de Aristóteles sua mais perfeita tentativa em aliar o comportamento ao Cosmo), como uma inteligência compartilhada em busca da harmonia entre os homens, não pode desprender-se do “ultrafuturo’’, quando este, por sua vez, é transportado para a construção da realidade objetiva. Se esta é sua preocupação, evidentemente.
Se esta forma de arte intervém no plano da concretude humana, seja na relação entre Ser e Tempo, ou na forma como eles devem ser compreendidos, o universo do Outro é local de inscrição de certas categorias que nem o devir pode solapar. Universalizar a ruptura com certos objetos frios, por meio de um “ultrassentido’’ da Arte, pressupõe lembrar ao Outro a preocupação da primeira com a liberdade do segundo. 
Marc Halévy propõe esta reconfiguração da linguagem linear, hierarquizada, unívoca e presa a um passado/presente. Segundo este, nossa forma de representar o mundo deve ser “completada e superada por novas metalinguagens poéticas, metáforas e simbólicas’’. Neste espaço, a ética representada pelo universo do Outro reclama o respeito à vida de estruturas cansadas em ter a “alma de suas culturas’’ invadida pelo espectro de nossos desejos. Aqui, a preocupação em si é a vida, a liberdade que a poesia mais intelectiva (ultrafuturista), deve conceber a si mesma e ao espaço do não-dito, no plano da concretude, isto é, quando esta ultrapassa os espaços da “poesia imagética’’ e se propõe a problematizar a complexidade do real. “Vamos ao fundo do desconhecido para encontrar o novo’’ como escrevia Baudelaire. Afinal, como afirmou Nietzsche, “o que importa é a eterna vivacidade’’.
Talvez seja a ética o fundamento último do agir “ultrafuturo’’. Na poesia útil à vida, e à realidade objetiva, o que se propõem a ser o seu elemento mais viscoso e necessário.


Leia este texto também em:



13 de novembro de 2014

MANOEL DE BARROS

OS DESLIMITES DA PALAVRA

Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas.
Estou atravessando um período de árvore.

(BARROS, Manoel de. O Livro das Ignorãças - 6ª ed. - Rio de Janeiro: Record, 1998)

5 de novembro de 2014

O OLHAR DO POETA

Roberto de Queiroz* 
De acordo com o poeta Manoel de Barros, é possível tirar poesia até do esgoto. Augusto dos Anjos, nesse contexto, palavreia de maneira similar. Segundo ele, o beijo é a véspera do escarro.


“O que se depreende [...] [dessa expressão] não é o sentido frio do dicionário da palavra escarro, mas a grande verdade da vida e que existem pessoas que beijam outras com um beijo traiçoeiro, como Judas, que beijou Cristo para, em seguida, entregá-lo à prisão. [...] Para retratar essa realidade, o poeta diz que o beijo (a parte boa) antecede a parte má (o escarro). Ninguém perguntou, mas ele responde. É assim o mundo visto pela ótica pessimista de quem escreve, embora seja bem mais conhecido dizer que o poeta só fala de amor. O certo é que a tradição não liga muito a ideia de esgoto à poesia” (Admmauro Gommes, Intradução poética).

São lúcidos os comentários acima. São perfeitamente possíveis tanto haver poesia no esgoto quanto à proximidade entre beijo e escarro. Não no sentido literal (denotativo), mas no sentido literário (conotativo) da palavra. O beijo de Judas ilustra muito bem a linha de raciocínio de Admmauro. Afinal, “o que realmente caracteriza a poesia é o fingimento. Observemos, por exemplo, a primeira estrofe do poema Autopsicografia, de Fernando Pessoa: “O poeta é um fingidor./ Finge tão completamente/ que chega a fingir que é dor/ a dor que deveras sente.” Esses dois últimos versos revelam claramente que o poeta não anula a existência de uma dor real, mas a dor fingida, a dor que figura no poema, assume uma característica própria e atua com mais intensidade que a dor real” (1).
De resto, vale salientar que certos autores definem a poesia como ficção: “Poeta, escreveu Jonson, grande dramaturgo inglês, contemporâneo de Shakespeare e um dos homens mais cultos do seu tempo, é, não aquele que escreve com métrica, mas o que finge e forma uma fábula, pois fábula e ficção são, por assim dizer, a forma e a alma de toda obra poética ou poema.” Mas, conforme assegura Manuel Bandeira, “é evidente que a poesia pode nascer também em pleno foco da consciência, e portanto atuar de maneira claramente apreensível. [...] Afinal em poesia tudo é relativo: a poesia não existe em si: será uma relação entre o mundo interior do poeta, com a sua sensibilidade, a sua cultura, as suas vivências, e o mundo interior daquele que o lê” (2).

P. S. – Citações minhas: (1) em “O poeta e a poesia”; (2) em “Meus versos livres e soltos”.
(Artigo publicado no jornal Gazeta do Oeste, Mossoró/RN, 30/10/2014, Opinião, p. 2)

* Professor e escritor. Autor de “Leitura e escritura na escola: ensino e aprendizagem”, Livro Rápido, 2013, entre outros. 



24 de outubro de 2014

VITAL CORRÊA MAIS UMA VEZ NA FAMASUL

O POETA VITAL CORRÊA DE ARAÚJO ESTEVE NA FAMASUL MAIS UMA VEZ (23.10.14). Ele participou de uma palestra sobre a literatura contemporânea no primeiro período de Letras. Estiveram presentes Romilda Andrade, Josenildo Barros, Sylvia Beltrão, Genyff Farias, Marry Francyelle, Ricardo Guerra e Marcondes Calazans. Este veio acompanhado de vários universitários de História. O encontro foi promovido e mediado pelo professor Admmauro Gommes. 



















I Período de Letras da FAMASUL (2014.2)










Ler Vital será um grande desafio, pois cada vez mais ele se fecha em um mundo impenetrável de obscura linguagem. (Admmauro Gommes)

Nesse jogo, Vital vem conquistando a todos, e nós, como leitores sentimos cada vez mais a motivação em desvendá-lo, ou melhor: derrotá-lo! (Sylvia de Azevedo Beltrão)

A poesia dele é viva e renovadora, mediante as metáforas cerradas que instigam o cérebro a trabalhar com mais profundidade. (Osani Severina)

Para VCA, a linguagem poética já não tem que imitar a natureza ou explicá-la como a maioria do discurso prosaico ou descrição realista, mas fazer surgir uma realidade nova. (Gabriela Raianne da Silva)

Vital Corrêa busca derrubar vocábulos e significados, transformando suas obras em um conjunto de versos intraduzíveis. Ele defende uma poesia complexa, que leve os leitores a pensar, a “multiplicar neurônios.” (Farlla Caroline Rosendo da Silva)

Qualquer determinismo ou prévio cálculo poético Vital isola. Para ele, não há sentido no finito, ou finito sentido. (Cláudio Veras)

Ricos em metáforas são os poemas de VCA. Ele de fato faz uso exorbitante da metáfora, alguns deles, às vezes, soam como uma denúncia, confissão, apelo, desejo e por que não dizer, uma sublime utopia. (Marta Roberta Ramos da Silva)

Conhecer Vital Corrêa de Araújo é adentrar num mundo oculto, ativar a mente, vomitar os neurônios e engolir algo estranho, arranhento. (Rozineide da Silva Lopes)

As metáforas utilizadas com muita técnica e rigores intrigantes de VCA me causaram uma estranheza. Uma linguagem bastante aguçada, abstrata, densa e, apesar dos poemas serem de versos livres, estamos perante uma obra clássica. (Humberto da Silva Cândido)

Vital afirmou que a expressão através de palavras não pode ser clara, pois assim perde a graça porque o leitor descobre rápido o segredo guardado dentro do texto. (Douglas Henrique Tavares Rocha)

Assim, compreende-se que para VCA, a poesia tem como objetivo compreender o ser, entretanto, homens e mulheres são seres inacabados. (Maria Jailma Galdino de Moura)

Surge-nos a figura ímpar de Vital Corrêa de Araújo, cuja produção literária, poética e prosaica, (principalmente, sua produção poética) corresponde à não-pedagogização, à antioficialização, e à produção anticanônica,  fundamentada no conflito entre dessacralização e ressacralização,  dessublimação e ressublimação das tendências  poéticas neoposmodernas. (João Constantino Gomes Ferreira Neto)

Como entender, por exemplo, um pensamento desconcertante na medida em que VCA, ao derrubar a compreensão da realidade ao “pé da letra”, rompe com os “ideais” da modernidade, colocando-se na contramão de muitos valores que consideramos conquistas imutáveis?  (Marcondes Calazans)

Reajamos, como o pessoal de Letras da FAMASUL está fazendo! (Vital Corrêa de Araújo)