22 de outubro de 2014

DESMIMESMAMENTO

                                Admmauro Gommes
Não quero que a palavra diga
o que não vem de mim ou me interpretem
desmimesmando.
Portando, crateras de néstogas
e tropel de gímpazos
cordímbula de tráquitos
e moa perdendo suas folhas
no dínamo da última paneta
refigurando a beleza bazela
de Desdêmona injuriada.
Este é o meu retrato mais frazil
feito de liscas e benas maviais.
O mais que disserem de mim será
tráquenas de alguns dorcas retorgentos
ou puramente
a malínea xecônia dos magais. 

7 comentários:

  1. Mimesmando, a palavra não dirá algo que possa ser interpretado, e jamais o que o poeta disse. Esta poesia desprendida de qualquer amarra, para alguns parece loucura, entretanto, trata-se de uma arte poética muito superior a qual temos contato. O poeta, longe de querer ser entendido, expressa por meio do poema, uma poesia despretensiosa de interpretações, mas que para o mesmo, seja uma verdadeira obra de arte poética.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Dizer sem querer dizer, Cícero. Esta é a função do poético que mergulha no enigmático. Mesmo assim, como no poema em apreço, inventei algumas palavras, mas isso não impede que o leitor insista/teime em compreender o sentido de termos inexistentes em nossa língua como “bazela, benas, cordímbula, desmimesmando, dorcas, frazil, gímpazos, liscas, magais, malínea, maviais, néstogas, paneta, retorgentos, tráquenas, tráquitos e xecônia.” Invenção! Pura invenção! Poesia, portanto, será sempre coisa abstrata.

      Como disse Djavan (Faltando um pedaço): "Quem tentar seguir seu rastro /Se perderá no caminho.”

      Excluir
  2. Professor, Que Palavra Genial! Gostei Muito do poema. Esta arte cada vez me surpreende e me motiva a querer explorar os livros.
    José Adelson Alencar
    2º Periodo de Letras

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Que bom, "José Alencar," esse seu encanto é o que justifica estarmos na área das letras.
      Pra você, néstogas!

      Excluir
  3. Vale conferir a invenção de palavras em Guimarães Rosa:


    http://veja.abril.com.br/060601/p_162.html

    ResponderExcluir
  4. Admmauro, esse é pra você!

    Estando glisando.
    E as mentes rasgando.
    Consdesconstruindo o que ainda há de construir.
    Mesmo sem entender me sinto aprendido.
    Entrastejando os tetracordes da palavra.
    Me sinto aletristo, sem traquejo, sem fornalha.


    Yannick Clemen

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caramba, Yannick. Você aprendeu direitiiiiiiiinho!
      Um poema aletrista, bem traquejado.

      Parece que você rasgou a mente.
      Como diria Albert Einstein, “A mente que se ‘rasga’ a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.”

      Parabéns pela coragem de sair do lugar-comum e se arriscar no labirinto da poesia.

      Excluir