13 de outubro de 2015

ADMMAURO GOMMES NA BIENAL 2015

Admmauro Gommes publicou a obra A estranha poesia de Vital Corrêa de Araújo, na Bienal do livro (9.10.2015), no Recife. A publicação tem como coordenador AG e foi realizada com a participação de universitários e professores da FAMASUL, além de importantes críticos da poesia vitalina, chamada de absoluta. O lançamento aconteceu na plataforma de eventos da exposição.






Rogério Generoso, José Terra, Adriano Marcena e Admmauro Gommes







Yannick Clemon

12 de setembro de 2015

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DA CHUVA


CHUVA (Cida Vilas Boas)

Gosto tanto da chuva quando cai
tanto quanto meu amor por poesias
e esta chuva me fez
enxugar grossas lágrimas
que teimosamente caem de meus olhos
como as gotas da chuva que caem lá fora
tão serena, tão suave, tão mansinha
que dá vontade de dançar no quintal
e misturar água doce da chuva
com água salgada de meus olhos
formando mistura gostosa
de ternura com saudade!
                                               

CHUVAS E ESTIAGENS (Admmauro Gommes)
                 Para Cida Vilas Boas

A nossa vida é feita de temporadas de chuva e dias de sol
lágrimas e sequidões nos olhos cansados de espera.
Dançar na chuva é limpar-se das nódoas dos dias
enquanto a água lava e leva recordações doentias.

A ternura pode ser um dia de sol
ou nuvens carregadas de desilusões.
Quando a chuva cai dos olhos
é porque o coração percebeu que o tempo das flores
ressecou com a chegada do verão
mas um céu sem nuvens também nos assusta
e tememos que a seca se prolongue
na época de plantar desejos.

Também “Gosto tanto da chuva quando cai”
porque a bonança se apresenta como esperança
dentro de mim.

Se não chovi nos últimos meses
desculpe-me pelas nuvens vazias
pois eu pretendia ser inundação em trovoadas.



18 de junho de 2015

O CORAÇÃO TAMBÉM PENSA


Admmauro Gommes
Poeta, Professor de Teoria Literária e
Literatura Brasileira da FAMASUL (Palmares/PE)

Há muito tempo venho me perguntando se o coração tem a capacidade de se emocionar ou esta é atribuição apenas do cérebro. As indagações foram aumentando ao afrontar as expressões “Coração de mãe não se engana” e “Coração apaixonado,” este último é conhecido jargão do sentimentalismo poético, repetido por tantas gerações. Qualquer curioso fecharia a presente questão compreendendo que o ato de pensar, ter sentimentos, memorizar e ser imaginativo é tarefa de um único órgão: o cérebro.
Eu também estava convicto da mecanicidade do coração, apenas de bombear o sangue, sem “pensar.” Quando li na internet um texto da terapeuta Maria Helena Leite de Moraes: “A inteligência do coração,” mudei de ideia. Em suas palavras “A mente opera de uma maneira linear e lógica o que é muito útil e importante no dia-a-dia, mas às vezes precisamos algo além da análise lógica para resolver algum problema e aí entra a capacidade intuitiva e emocional que é a inteligência do coração.” Estas descobertas são atribuídas a John e Beatrice Lacey, do Fels Research Institute (Filadélfia, Estados Unidos).
Na mesma linha de pensamento, Giovana Tessaro afirma que “O coração reage ao que percebe, influenciando todo o corpo, inclusive, o cérebro” (personare.com.br). O Dr. Rollin McCraty entende que “Há um ‘cérebro no coração, metaforicamente falando’. O respeitado pesquisador pertence ao Instituto HeartMath, uma organização sem fins lucrativos que oferece tratamentos com base na conexão entre o coração e o cérebro. “O coração contém neurônios e gânglios que têm a mesma função que as do cérebro, tais como a memória. É um fato anatômico”, disse McCraty (epochtimes.com.br).
Defendem os especialistas, portanto, que a estrutura do coração é similar à do cérebro, embora este tenha aproximadamente 86 bilhões de neurônios. O coração possui 40 mil, além de uma completa e espessa rede de neurotransmissores, proteínas e células de apoio.
Talvez seja por isso, sem demérito da razão, e sem conotação, que encontrarmos um sentido bem próximo do referencial quando lemos que “Enganoso é o coração... e perverso” (Jr 17.9) ou quando damos ouvidos ao coração dos poetas. Na opinião de Sigmund Freud (Delírios e sonhos na Gradiva de Jensen), “Os poetas (...) são aliados preciosos, e o seu testemunho merece a mais alta consideração, porque eles conhecem, entre o céu e a terra, muitas coisas que a nossa sabedoria escolar nem sequer sonha ainda. São, no conhecimento da alma, nossos mestres, que somos homens vulgares, pois bebem de fontes que não se tornaram ainda acessíveis à ciência.” No meu ponto de vista, “fontes” que não passaram pela mente, pela razão, mas surgiram do sentimento, do âmago, e da alma, onde a emoção existe antes de ser palavra.

 Neste ponto, merecem atenção também Julio Iglesias (Coração apaixonado / Só escuta a própria voz e nada mais), e Wando (Chora, coração). Mais profundo ainda, vale lembrar o exímio escritor português que disse: “É o coração que faz o caráter” (Eça de Queiroz). Por fim, resta dizer da “falta” que o coração nos faz quando “desaparece.” Termino com a genialidade de Gabriel Garcia Márquez: "Se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo, e esperaria que saísse o sol." Por estas e outras, devemos acreditar nesse “pequeno cérebro”, pois embora o coração de poeta esteja sempre confuso, o de mãe não se engana.

18 de maio de 2015

A LEITURA E A ESCRITURA EM ROBERTO DE QUEIROZ


Admmauro Gommes
admmaurogommes@hotmail.com
Poeta, Professor de Língua Portuguesa, Teoria Literária e
Literatura Brasileira da FAMASUL (Palmares/PE)

         Para Horácio, um dos maiores poetas da Roma antiga, a poesia devia “instruir e deleitar, ou deleitar instruindo”. Atualizando esta sentença, diria Roberto de Queiroz que a leitura, para ser eficiente, deve deleitar enquanto instrui. 
Em texto publicado na Folha de Pernambuco (15/05/2015, Opinião, p. 8), Queiroz reconhece que “Os estudantes da educação básica das escolas públicas brasileiras demonstram não gostar de ler nem de escrever.”

10 de maio de 2015

ADMMAURO GOMMES NO DIÁRIO

Este texto foi publicado no jornal 
Diário de Pernambuco 
de 8/5/2015





O NOVO SEMPRE VEM


 Admmauro Gommes
A. Gommes
Sobre minhas tantas indagações acerca do que me cerca, talvez o que mais me incomode seja o advento do novo. Este trem carregado de ogivas que, por prudência, dele preciso me afastar, mas por necessidade, necessito agarrar-me ao seu para-choque que abre fronteiras e descortina encantados mundos. Permaneço vigilante para ver se o reconheço, se percebo as suas aparições antes que seus trovões me acordem no meio da noite. Sempre na vanguarda do tempo, ele tem a casca imanente do inusitado, do que chega pela primeira vez sem avisar, do que não se espera.

3 de maio de 2015

ADMMAURO GOMMES E ROBERTO DE QUEIROZ NO RN

O Jornal Gazeta do Oeste, do Rio Grande do Norte, publicou recentemente um artigo de Admmauro Gommes sobre a poética de Roberto de Queiroz. Veja o texto em seguida e o endereço para acompanhar a edição original (pág. 2).


























Leia também:
Artigo sobre Admmauro Gommes na Folha de Pernambuco
PELOS MARES DO POETA
Por Roberto de Queiroz



19 de abril de 2015

FUMAÇA

       

A vida é um trem
feito de fumaça.
Contra a nossa vontade
na estação da saudade
o trem fica e a gente passa.


         (Admmauro Gommes)

31 de março de 2015

A VOLTA DE VITAL CORRÊA

O poeta VITAL CORRÊA DE ARAÚJO (de óculos escuros) tem participado nos últimos anos de vários momentos com universitários da FAMASUL. Sempre discutindo questões acerca da poesia absoluta, bandeira literária que ganhou forças nesta faculdade, esteve presente mais uma vez (31/3/15)

19 de março de 2015

FEELING POÉTICO

 Por Vital Correia de Araújo
        
Abaporu (pintura a óleo de Tarsila do Amaral)
        O professor de teoria literária da FAMASUL, Palmares, Admmauro Gommes, eu o tenho como um homem cortês, inteligente, cultivador, religioso e magnífico poeta. Nos últimos dois anos, tem desenvolvido um trabalho espetacular pela introdução de um novo conceito ou renovação conceitual de poesia, à frente do movimento literário Poesia Absoluta. Tem produzido Admmauro Gommes poemas e crítica sobre o que eu nomino de poesia remoderna ou neoposmoderna.

18 de março de 2015

FERNANDO PESSOA POR OSMAR PRADO

O magistral Poema em linha reta de Fernando Pessoa é interpretado brilhantemente pelo grande ator Osmar Prado. Impressionante!

O texto começa assim:

“Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo...”

15 de março de 2015

MARGARINA, HAICAI E POESIA ABSOLUTA


DA COMPOSIÇÃO DA MARGARINA AO CONSUMO DA POESIA
           Por Cleber Teixeira

Cleber Teixeira
Numa sala de aula, tirar texto de aluno é como tirar leite de pedras. É?

Há alguns anos, conheci o professor Admmauro Gommes, quando estudava Letras na FAMASUL, em Palmares, PE. Sujeito tranquilo de prosa articulada e poesia elegante, ironia cáustica e postura altruísta. Com ele comecei e desvendar literatura e perceber que há muito texto dentro da gente implorando pra sair.

14 de março de 2015

INSPIRADO POR MARGARINA

14 Poemas de Admmauro Gommes, Cleber Teixeira, Neilton Farias, Rejane Correia, Genyff Farias, José Rodrigues Filho (Zé Ripe), Sylvia Beltrão, Marcondes Torres Calazans, Ademac Gommes, Kenedy Wellington Moreira e Silva, Vital Corrêa de Araújo, Suzane Ferreira, Edson Marques e Fábio Nazaro
        Sobre a polêmica se existe inspiração ou não, provoquei os participantes de um minicurso na FAMASUL (02/03/15) instigando-os a

13 de março de 2015

DIA DA POESIA

Em 14 de março, comemoramos o Dia Nacional da Poesia.


Criada para difundir a poesia e a linguagem literária, a data foi escolhida para homenagear um de nossos maiores poetas, Antônio Frederico de Castro Alves, nascido na cidade de Curralinho (hoje Castro Alves), em 14 de março de 1847. Castro Alves foi considerado um dos mais brilhantes poetas românticos, responsável por uma nova concepção de amor na Literatura, além de um notável entusiasmo por grandes causas sociais, como a abolição da escravatura. Depois dele, muitos outros vieram, mas como grande poeta que foi, teve seu nome perpetuado em nossa história, sendo, então, digno de reverências e homenagens.

6 de março de 2015

LITERATURA, MÚSICA, LEITURA E REDAÇÃO NA FAMASUL

Com depoimentos de Sylvia Beltrão e Marcondes Torres Calazans

Foi assim que aconteceu o minicurso 
ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL 
na FAMASUL (de 2 a 6/3/2015): 


O evento ministrado por Admmauro Gommes reuniu alunos de vários períodos de Letras da faculdade, com depoimentos da recém-formada Sylvia Beltrão, escritora, e os universitários Flávia Almeida, Ismael Roberto e José Rodrigues (mais conhecido por Zé Ripe). 


A programação constou dos tópicos:

1.     A leitura como prática que antecede a escrita;
2.     Gêneros e tipologia textuais;
3.     Redação: do haicai ao artigo científico;
4.     Características do texto literário; e
5.     Espécies de leitura (com destaque para a leitura em diagonal, que sugere que um livro de 70 páginas seja lido em 5 minutos).

Com o último tema, os alunos leram o livro Joaquim de Xexéu (Admmauro Gommes e Antonio de Souza Jr.)

3 de março de 2015

INSPIRAÇÃO

INSPIRAÇÃO OU DOMÍNIO DA TÉCNICA?

SARAMAGO: EU NÃO SEI O QUE É A INSPIRAÇÃO
Eu não sei o que é a inspiração. (...) imaginemos que eu estou a pensar determinado tema e vou andando, no desenvolvimento do raciocínio sobre esse tema, até chegar a uma certa conclusão. Isto pode ser descrito, posso descrever os diversos passos desse trajeto, mas também pode acontecer que a razão, em certos momentos, avance por saltos; ela pode, sem deixar de ser razão, 

2 de março de 2015

PALINÓDIA

Uma crônica de Roberto de Queiroz*

O ônibus fazia uma curva e, de repente, o motorista pisou no freio. A causa da súbita freada foi o excesso de velocidade. A curva era acentuada e, para fazê-la, era preciso reduzir a velocidade antes da placa indicadora, cuja marca era de 20 Km/h. Mas acredito que o motorista passou desatento a tal indicação, pois o ônibus ia a aproximadamente 60 Km/h.
Roberto de Queiroz
Era inverno. E, por causa da chuva, que aterrissara sobre a pista durante toda a noite, havia uma camada fina, gosmenta, de barro vermelho sobre a face direita da curva em questão. Por baixo dessa camada de barro, havia a construção original da pista, que se compunha de uma mistura não homogênea de brita e piche.

25 de fevereiro de 2015

ASCENSO FERREIRA NA FAMASUL

João Constantino ministrou importante e descontraída palestra sobre Ascenso Ferreira, dentro da programação do curso de Letras da FAMASUL (25/2/15). O evento contou com a participação do cantor Zé Ripe e de Admmauro Gommes.

NOITE DE HISTÓRIA, LITERATURA E ARTE PARA O CURSO DE LETRAS DA FAMASUL
Por Caio Lima

Estudantes do primeiro ao oitavo períodos de Letras da Famasul tiveram, na noite de quarta-feira (25/02), aproximadamente duas horas e meia de uma deliciosa aula de História e Literatura.

7 de fevereiro de 2015

O CINQUENTENÁRIO DO POETA

BREVE ETERNIDADE

Meio século vencido
num piscar de olhos 
em breves demoramentos 
como se eternidade.

Rastos de poesia
restos de nostalgia
rotas estranhas
como viagem à lua
criando entulho
atalho ou trilha sonora
onde todo sonho flutua. 
                                                     (AG, fev/2015)

Em 2015, o poeta Admmauro Gommes completa 50 anos (7/fev). Para este ano, estão previstas várias atividades literárias envolvendo a obra deste escritor. Dentre elas, o lançamento de quatro livros inéditos.


ADMMAURO GOMMES é um escritor pernambucano (Brasil). Nasceu no município de Xexéu, Mata Sul do estado, aos 7 de fevereiro de 1965. Desde 1993 é professor de Teoria Literária da Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul (FAMASUL). Exerceu por quatro vezes o cargo de Secretário de Educação em Xexéu e por três a mesma pasta em Novo Lino (AL). Criou mais de trinta obras, das quais já foram publicadas vinte e três: 



A solidão foi embora (1987), Elegias matinais (1992), Luta dentro de mim (1998), Oito poetas pernambucanos (org- 1998), Poetas do ano 2000 (org - 2000), Pelos sete mares (2001), Brasil: primeiro século de história literária (org - 2001), Poemas do manancial de luz (2002), A literatura e o Brasil do século XVII (org - 2002), História do Xexéu (org - 2003), Poetas do Xexéu (org - 2004), Poetas da FAMASUL (org - 2004), Sonetos (2004), Joaquim de Xexéu (org - 2005), Para nunca mais dizer adeus (2006), A mulher da sombrinha e outras crônicas (2007), Estudos Literários e Sociolinguísticos - artigos em língua e literatura (2007), Intradução poética (2008), Sabores do Brasil (2009), Cinco poetas e um luar (org - 2009), O perfil do professor de literatura e as estratégias de produção textual (2011) e Síntese da Literatura Brasileira (2013)
e A estranha poesia de Vital Corrêa de Araújo (2013). Para 2015, estão previstos os lançamentos de:

1. Fernando Pessoa e o mar (poemas);
2. Néstogas e outros poemas;
3. Um livro de teoria literária, ainda sem título definido; e
4. Um livro de poemas, ainda sem título definido.


No início deste ano, o autor ultrapassou a marca de ter produzido mil e quatrocentos textos poéticos. Atualmente, reside em Palmares/PE (Brasil), cidade conhecida como a “Terra dos Poetas.” 



Mais depoimentos e comentários:




Um ensaio de RICARDO GUERRA

COLÓQUIO COM ADMMAURO GOMMES

Ricardo Guerra
Na minha formação acadêmica no Curso de Letras, na FAMASUL, conheci e tornei-me amigo de Ademauro Maurício Gomes, um professor de Teoria da Literatura que também é poeta – e, dos bons. Num conversatório particuloso com retalhos de sabenças e muito proveituroso para ambos, disse-lhe: - Douto Mestre, tomei a liberdade de tecer alguns comentários à sua obra.

Como o caro amigo bem sabe, a Literatura Brasiliana é variada em estilos e tendências. A abordagem da realidade do país se consolidou com o movimento modernista ocorrido em 1922, no estado de São Paulo. A chamada Semana de Arte Moderna Brasileira que tinha como uma das propostas "devorar" a cultura importada que impregnava todas as manifestações artísticas do país. Resumindo, os modernistas chutaram o balde das imposições europeia, no tocante a se produzir obras de arte, em todos os sentidos, como os artistas do Velho Mundo e este movimento se espalhou pela América Latina de forma magistral.

A Literatura Brasiliana contemporânea lega ao país uma obra densa e preocupada com os rumos da vida nacional, mas fiel ao temperamento e cultura do povo. Portanto, digno poeta e dileto amigo, por seu acervo, conteúdo e qualidade editorial, a Literatura Brasiliana tem lugar garantido entre as melhores do mundo. Dentro desse panorama pode-se incluir você, poeta e cronista, Ademauro Mauricio Gomes, ou como é conhecido no universo das artes, Admmauro Gommes (com o “m” dobrado); natural de Xexéu, quando lá nasceu em 7 de fevereiro de 1965, filho de Amaro Maurício Gomes e de Celina Severina da Conceição, casado com dona Azivane Ferreira Gomes com quem tem os filhos Ademac Allan Maurício Gommes, Poema Ferreira Gommes e Tércio Ferreira Gommes. Sei, digníssimo amigo, que o seu Curriculum Vitae Literário é extenso, por isso não vamos perder tempo.

Dê-me a honra de tecer alguns breves comentários a uma parte da sua obra: A SOLIDÃO FOI EMBORA (1987) Este é o seu o livro de estreia. Nele você reúne uma seleção retirada de 500 poemas, na época em que era estudante do curso de Letras da FAMASUL. Apresenta nesta obra ainda novas formas de expressão, versos vivíssimos e livre associação de imagens e conceitos, características presentes em toda a sua poética.

ELEGIAS MATINAIS (1992) Opúsculo visando mais a técnica que a emoção. Foi editado artesanalmente. Você mesmo poeta, digitou os textos, imprimiu-os e cortou o livro no formato, manualmente.

LUTA DENTRO DE MIM (1998) A luta caracteriza a guerra entre o espiritual e o terreno, fruto de experiência à luz do evangelho, quando passa a cultivar a poesia religiosa, mística. Destaque para o poema O Evangelho em Versos.

PELOS SETE MARES (2001), primeira reunião envolvendo poemas publicados. Os textos foram selecionados de sete livros. Destaque para o poema invertido e um artigo sobre a essência da poesia.

OITO POETAS PERNAMBUCANOS (1998), antologia organizada pelo dileto poeta reunindo autores pernambucanos ligados à FAMASUL.

POETAS DO ANO 2OOO (2000). Nesta obra, você reúne 32 poetas da Mata Sul Pernambucana e Norte das Alagoas.

BRASIL: PRIMEIRO SÉCULO DE HISTÓRIA LITERÁRIA (2001). É sua a organização e participação numa antologia do quinto período de Letras dos acadêmicos da FAMASUL, contemplando o conteúdo da Literatura Brasileira dos anos seiscentos.

A LITERATURA E O BRASIL DO SÉCULO XVII (2002). Nova antologia sobre a literatura, em que cada aluno da FAMASUL escreve uma página de nossa história literária.

POETAS DO XEXÉU (2002). Nesta obra, publicaste 22 poetas inéditos, residentes em Xexéu. Obra esta que foi traduzida para o espanhol pelo argentino Omar Aguilera.

POEMAS DO MANANCIAL DE LUZ (2002). Este teu livro foi divulgado antes da publicação no programa de mesmo nome, da Rádio Cultura dos Palmares, pelo apresentador Obadias Monteiro. Possui uma temática exclusivamente evangélica.

HISTÓRIA DO XEXÉU (2003). Juntamente com os escritores Bernardo Almeida e Marcos Gonçalves de Lima, tu Admmauro escreveste a História do Xexéu, de maneira simplificada, colhida diretamente "da boca do povo".

POETAS DA FAMASUL (2004). Antologia que revela o talento dos poetas da FAMASUL. Parte do livro foi composta em 35 minutos com os universitários do l.º período de Letras. A outra parte é com os professores.

SONETOS (2004) é o primeiro livro escrito, publicado 20 anos depois. São os poemas da mocidade, num estilo tradicional, contendo uma temática amorosa.

JOAQUIM DE XEXÉU (2005). Fizeste uma homenagem ao Pastor Joaquim Clementino de Paula, que atuou em Xexéu por 27 anos. O livro conta com a parceria de Antônio de Souza Júnior.

UM MAR DENTRO DOS OLHOS (1998). Ainda inédito, venceu o concurso de Poesias Ascenso Ferreira do Nordeste, em 1998, promovido pela Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, em Palmares.

A MULHER DA SOMBRINHA (2007). Desta feita, adentraste a uma seleção de crônicas regionalistas que retratam os diversos falares da região da Mata Meridional pernambucana. O caríssimo amigo ainda possui cinco livros prontos a serem publicados, incluindo temas de Teoria da Literatura, artigos, romances e poesias. Inegavelmente, és um poeta de formação modernista, não obstante, percorres com elegância e desenvoltura todos os caminhos e estilos poéticos das mais diversas escolas literárias, com a sua arte da palavra manifestada numa linguagem em que a sonoridade e o ritmo predominam sobre o conteúdo.

Essa linguagem poética consiste num desvio deliberado da forma da língua corrente que recorre à repetição de uma cadência rítmica, de sons, de rimas e de estruturas sintáticas. Teus livros de poemas procuram aproximar ainda mais a literatura do grande público, dentro de uma estrutura sintática e lexical de fácil compreensão, aliás, o que é uma característica peculiar na obra admmauriana; quando inicia seus textos com 50 poemas sentimentais, 25 sobre a Paz e 25 tratando da arte de escrever, cujo objetivo é o de despertar no jovem leitor o interesse pela arte poética. Tecer uma opinião abalizada sobre a tua obra poética é deveras gratificante, haja vista, a perfeição estética, consubstanciada e recheada da mais pura existência de erudição da Língua Camoniana, com versos transbordando de sentimentos, os mais diversos e profundos, fiando poemas que tocam na alma que, por sua vez transformam-se em poesia; como dizia Manuel Bandeira, "vendo o mundo com olhos de uma criança" (1997), todavia, sempre deixando no ar abstrato da sua poesia, aquele sentimento que somente ao poeta é dado sentir ao poemar e declamar os seus versos. Pois ninguém consegue penetrar no seu âmago, mesmo insistindo, por mais esforços que se faça ao se declamar através do poema as poesias intrínsecas e extrínsecas neles contidas, infrutíferas serão as assertivas para se chegar a sua essência. Isso somente o poeta pode fazê-lo.

O amigo deixa transparecer claramente num dos seus poemas, o que vem a ser verdadeiramente um poeta, quando poetando assim pensa: “Ser poeta/ é ter o pressentimento que as coisas podem mudar,/ que um dia vai melhorar,/ quem sabe, a qualquer momento. /É viver do seu invento/ como quem inventa cores,/ como quem vive de amores/ e tem a alma repleta,/ transforma dores em flores/ isso sim é ser poeta.”

Mas tu, como professor universitário, não te contentas apenas em poetar, queres mais. Como educador, defendes com harmonia e sabedoria a participação do poema em todas as disciplinas didático-pedagógicas, através da intertextualidade, quando apresenta um vocabulário com os termos mais utilizados na teoria literária, como rima, verso, soneto, poesia, poema etc. Com isso, destinas a obra a professores, estudantes e a todos os amantes da poesia, - pois se trata de um grande suporte didático-pedagógico -, quando afirmas: "Por todos os lados pode surgir a intertextualidade, pois ela acontece mesmo que um olhar pouco atento não perceba sua presença. Mas o professor habilidoso e ousado há de encontrar sempre um ponto de apoio nos textos fora de sua área, para viabilizar o trabalho pedagógico. Podem-se tomar vários contextos como base intertextual, partindo de propagandas comerciais, embalagens de produtos, letra de música e uma infinidade de elementos visuais para se relacionar com o conteúdo ensinado".

Em teu livro, A Mulher da Sombrinha e Outras Crônicas, o erudito poeta começa a adentrar ao fantástico mundo da crônica regional. A obra oferece ao leitor nordestino, e em particular ao pernambucano da Mata Meridional, uma literatura puramente regionalista. Destarte, fazendo ressurgir no cenário local o que de melhor já se teve num passado quase longínquo e que agora nessa obra, galopa pujante e saltitante, até mesmo brincante - o jeito de falar e transportar esse sotaque tão pernambucano, tão nosso, para as páginas de um livro. - Impossível de não ler em um só fôlego a obra.

É interessante perceber que, apesar do regionalismo ter um posto importantíssimo na formação da literatura brasileira, sua produção está quase toda ligada à prosa. Inúmeros poetas trataram da terra em suas obras, sempre colocando as características regionais e dando ênfase ao enredo através da linguagem regional. A abrangência dos linguajares existentes no Brasil faz com que se perceba a necessidade de um estudo aprofundado e minucioso dos mesmos, em razão das inúmeras dificuldades que estão ligadas à amplitude e à complexidade inerentes aos fenômenos referentes à língua.

Assim, a crônica admmauriana procura mostrar uma parte dessa diversidade do falar brasileiro engajado em nossa literatura, para que seja percebido o quanto a língua tem se mostrado importante e pode se adequar às necessidades de cada falante. Mantêm-se os significados preponderantemente semânticos usados tanto para definir as partes do discurso, quanto para identificar as categorias a que se chegou para melhor classificação dos recursos utilizados, através da abordagem de algumas particularidades na comunicação na literatura no Nordeste, que possui características bastante inerentes que a diferenciam de outras áreas do Brasil.

A Literatura Regionalista, intencionalmente ou não, traduz peculiaridades locais, expressando os traços do momento histórico e da realidade social; nela, o local é abordado com amplitude, podendo-se falar tanto de um regionalismo urbano quanto de um regionalismo rural. Traços que são marcantes no Nordeste. Na observação minuciosa das tuas crônicas, percebe-se que mesmo quando o dileto amigo realiza a Volta ao mundo, a faz com seu olhar vivaz de cronista sem sair da sua bucólica Xexéu, - ou melhor, dizendo, do seu Ninho de Xexéu - consequentemente com o seu peculiar linguajar pernambuquês, todavia, num português padrão. Como bem o sabemos, caro poeta, é a crônica, primordialmente, um texto escrito para ser publicado em jornais. Estes, como se sabe, são veículos de informações diários e, portanto, veiculam textos efêmeros.

Um texto publicado no jornal de ontem dificilmente receberá atenção por parte dos leitores hoje. O mesmo tende a acontecer com a crônica. O fato de ser publicada no jornal já lhe determina vida curta, pois à crônica de hoje seguem-se muitas outras nas próximas edições. Há semelhanças entre a crônica e o texto exclusivamente informativo. Assim como o repórter, o cronista se alimenta dos acontecimentos diários, que constituem a base da crônica. Entretanto, há elementos que distinguem um texto do outro. Após cercar-se desses acontecimentos diários, o cronista dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém. Com base nisso, pode-se dizer que a crônica admmauriana situa-se entre o Jornalismo e a Literatura, e o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia.

A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. Ao desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, a tua crônica transmite ao leitor a tua visão de mundo, na verdade, caríssimo poeta, tu expões a tua forma pessoal de compreender os acontecimentos que te cercam. Geralmente, as crônicas apresentam linguagens simples, espontâneas, situadas entre a oralidade e a literatura. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.

Com a tua sapiência, amigo poeta, juntaste as vinte crônicas regionais e publicaste-as em livro, livrando-as do esquecimento dos leitores dos jornais. Numa homenagem humilde e singela ao diletíssimo poeta e cronista, tomei a liberdade de, brincando de poetar, apresentar um dos meus poemas, ainda inédito, baseado no conjunto de títulos que compõem a tua obra:

MADRIGAIS DE POETAS EM XEXÉU (1) Oito poetas pernambucanos Pelos sete mares navegaram, recitando lindos Sonetos chegaram para ouvir os Poetas do ano. De pronto A solidão foi embora, ficaram a ouvir lindas Elegias matinais, como gregos na ágora se instalaram, lá estavam os Poetas do Xexéu em belos madrigais.
A dedilhar seu alaúde, Joaquim de Xexéu os esperava cantarolando: Brasil: primeiro século de história literária, poemando prosaicamente acontecimentos de uma cidade libertária, recitava ainda, A literatura e o Brasil do século XVI, a estes juntaram-se mais três:

Ascenso com sua voz gutural, Admmauro a tocar clavicímbalo de forma magistral e Ricardo no trompete de forma natural, contaram e cantaram a História do Xexéu com altivez, com os Poemas do manancial de luz e Luta dentro de mim, lindas histórias sem fim dos Poetas da FAMASUL... mais de uma vez.
Agora já eram onze os Poetas Pernambucanos que não mais voltaram aos Sete Mares seus, lá... ficaram, Para nunca mais dizer adeus.

Como se pudéssemos concluir - o que se torna impossível - todavia, podemos analisar o conjunto da obra admmauriana, o que nos remete a fazê-lo em quase sua totalidade aos seus poemas, haja vista que, apenas A Mulher da Sombrinha trata de outro tipo de literatura - a crônica - portanto, o que um poeta pensa ou finge que pensa pode ser, ou não, poesia.

Em seus conhecidos versos, Fernando Pessoa não alude propriamente à poesia, mas sim à dor que o poeta deveras sente. Ou como se lê na esplêndida estrofe do autor: “Finge tão completamente / que chega a fingir que é dor / a dor que deveras sente”. Pois bem: se de fato a sente, essa dor, fingida ou não, é algo real, pelo menos enquanto dor, mas pode não ser poesia. Essa dor é, portanto, multitudinária, ou seja, de toda a humanidade. E se o poeta estiver autenticamente "antenado" na dor dessa humanidade, ainda que a finja sentir, sentindo-a, ela se torna concreta, transformando-se então na dor que o poeta "deveras sente".

Cumpre aqui entender que o mesmo fingimento dói no poeta, pois tudo nele sempre dói. E é através dessa dor, que se distende e aprofunda o conhecimento do mundo, desse mundo que é vontade e representação. Poderemos chamar de poeta apenas àqueles que escrevem poesias? Ser Poeta é aquele ser que escreve poesias, certo... Mas para um Ser Poeta, ser poeta de fato, é preciso que tenha a alma poetal. Encontrei uma frase, que expressa bem o que é SER POETA, escrita por um dos grandes mestres das letras, José de Alencar: "O cidadão é o poeta do direito e da justiça; o poeta é o cidadão do belo e da arte". Antes de tudo, ser poeta é um estado de espírito. Quem é poeta, o é internamente. Tem a poesia na alma.

Falamos "poeta", mas normalmente estamos nos referindo a todo aquele (ou aquela... aliás, o termo POETA, se aplica tanto "aos", como "as") que têm aquele dom natural para as artes escritas, seja em poesia, ou em prosa. Tudo depende do lirismo da alma de quem escreve.

Tu, Admmauro Gommes és poeta, e um poeta que navega com grande desenvoltura em todos os estilos, incluindo o Poema Quântico - uma forma de poetar hipermoderna - arrisco até afirmar que é futurista e que ainda vai dar muitos frutos, pois traz na alma esse sentimento místico. No primeiro poema, nesse novo estilo, tu poetando dizes:

QUANTA
Quanta           SAUDADE GUARDO NO PEITO quando vem
A teoria          DE UM SONHO SONHADO:       o desamor
Da incerteza   AGORA DESFEITO                      por alguém
E do possível QUANDO ACORDADO                surge a dor.

Respondendo ao teu poema, escrevo também este poeminha quântico:

POETIQUANTUM
Quântica,             CROMODINÂMICA                Quantum.
Quantidade,         CAMPO NEGRO,                     elétrons
Cósmica ideal,     FORÇA UNIVERSAL,             do bem e do mal.
Cabe ao homem  DE UM PENSAR INFINITO,   ter humildade
Ser racional.        FERRAMENTA MECÂNICA sem ser fatal.

"Quanto mais precisamente a posição [de uma partícula subatômica] é determinada, menos precisamente, no mesmo instante, seu momento [massa x velocidade] é conhecido, e vice-versa." Werner Heisenberg, 1927.

A frase acima é parte de um texto no qual o cientista alemão Werner Heisenberg (1901-1976) enuncia o célebre Princípio da Incerteza - concepção de enormes implicações para a ciência física. Um dos motivos para essa incerteza, ou indeterminação, está no tamanho minúsculo dos objetos observados - um elétron, por exemplo. Os próprios instrumentos utilizados para medir a posição ou a velocidade do elétron interferem no comportamento da partícula.

Pode-se observar, portanto, na estrutura de ambos os poemas quânticos diversas poesias nele contidas, ou seja, pode-se lê-lo sob vários ângulos, pois em todos eles irá se descobrir uma poesia. Fica ao inteiro critério do leitor. Sempre atento e ligado às novidades intelectuais, tu nobre amigo Admmauro, passas a fazer parte da intelectualidade regional da Mata Meridional Pernambucana e, assim como Ascenso Ferreira, já despontas em ascensão ao cenário nacional. Só espero e, rogo ao Grande Criador, que Ele te permita colher os frutos da tua obra ainda neste plano astral, conosco. 

Finalmentando, fica a minha admiração, meus respeitos ao caríssimo e dileto amigo, à sua obra e, os meus mais sinceros agradecimentos por teus ensinamentos.

Com amplexos fraternos, Da minha bucólica e aprazível Jaqueira, no Sobrado dos Guerra, em 8 de dezembro de 2014.

Ricardo Antônio Guerra da Silva

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(1) - Poema inspirado nos títulos da Obra do Poeta Xexeuense: Admmauro Gommes. Livros publicados por Admmauro Gomes: 1 – A Solidão foi embora; 2 – Elegias matinais; 3 – Luta dentro de mim; 4 – Pelos sete mares; 5 – Oito poetas pernambucanos (org.); 6 – Poetas do ano 2000 (org.); 7 – Brasil: primeiro século de história literária; 8 – A literatura e o Brasil do século XVI; 9 – História do Xexéu (org.); 10 – Poetas do Xexéu (org.); 11 Poemas do manancial da luz; 12 – Poetas da FAMASUL (org.); 13 – Sonetos; 14 – Joaquim de Xexéu (org.); 15 – Para nunca mais dizer adeus.