28 de março de 2017

A CULTURA DO INSTANTÂNEO

Admmauro Gommes
Poeta, cronista e professor de Teoria Literária
admmaurogommes@hotmail.com

Viver em sintonia com os dias atuais implica adotar a cultura do instantâneo. Assim, objetos e pessoas passam a ser descartáveis, em nome de um consumismo desenfreado e momentâneo. Uma operação plástica, por exemplo, nem sempre acontece para corrigir lesão ou defeito mas para colocar o corpo em evidência, conforme um padrão anunciado, na semana passada.
A última palavra da moda caracteriza-se pela rejeição absoluta do modelo anterior. Os valores morais e éticos também são substituídos com uma velocidade muito grande. O que ontem parecia consenso, hoje, se transmuta com rapidez exatamente em direção oposta. E a intenção é nítida: confundir a mente da geração que se forma em torno das incertezas. Tudo é relativo e nada tem importância diante dos interesses pessoais.

27 de março de 2017

NO GALOPE À BEIRA MAR

OS 14 GALOPES 
DE RICARDO GUERRA 
E ADMMAURO GOMMES


Então vamos de galope a beira mar: (Pra não mais findar)(Riccardo Guerra)

O poema tá arretado e bastante avançado
Nos versos de Admmauro e de Marian.
Quem sabe hoje, ou depois de amanhã
Lá pras bandas da burarema, com a lua cheia,
com a minha musa dengosa e faceira,
pra confirmar esta prosa eu vou me esbaldar
poetas brincantes, com rimas alegres ao ar
proferem poemas perfeitos, e eu pegando a manha,
pra confirmar esta prosa e sua façanha
Vou cantando galope na beira do mar.

Amigo Ricardo, rei da Burarema
Há coisa que sempre encanta o matuto
Um bebo na praça fumando charuto
Em um batizado depois da novena.
O mundo é grande a vida é pequena
Há muita ciência pra gente pescar
Um chá de carqueja pra desinflamar
A queda do bicho parece um coice
Danou-se, danou-se a nega do doce
Nos dez de galope na beira do mar.



Famoso Admmauro do reino encantado
No Recanto das Águias não fica ao léu
Na pedra do reino seu nome é gravado
Como um grande poeta filho de Xexéu
Mais de vinte livros ele já escreveu
Tem a força de Hércules ou de um Teseu
No meio dos vinte: “Cinco Poetas e um Luar”.
De jaqueira lhe faço um convite arretado
Para em Maceió com tudo acertado
Cantarmos galope na beira do mar.


Poeta Admmauro, pode mandar galope de Xexéu pra Jaqueira, que eu mando daqui pra lá.
Abraços.
Depois, juntamos tudo e vamos publicar.




Quem tem um amigo não vive à toa
Está rodeado e nunca está só
Pode viajar para Maceió
Campina Grande e João Pessoa
E vara o mundo chegando em Lisboa
Na força do bicho chamado jaguar
E com bacamarte dá tiro no ar
Ao lado do amigo que é seu Ricardo
Que lá de Jaqueira é o maior bardo
Nos dez de galope na beira do mar.


5 Ricardo Guerra4 de outubro de 2013 18:42


O mundo endoidou, mas não me convenço
Que até minha Nega do Doce Danou-se
Partiu proferindo palavras, encantou-se
Para um mundo dos poetas ao qual eu pertenço.
Convidei Admmauro para ir me ajudar
E saímos os dois pelo mundo à procura
Não tínhamos noção para começar
Encontramos o tabuleiro e a Nega a vadiar
E ela não estava nem aí para tanta frescura
Ficamos cantando galope na beira do mar.



Admmauro Gommes 4 de outubro de 2013



Você que conhece a fala dos reis
E sabe da grota que mora o brejeiro
Como é que um médico vem do estrangeiro
E vai entender o seu jaqueirês?
Vai se confundir com o nordestinês
Nessa confusão pode se engasgar
Na hora da cura é capaz de matar
Não vai entender caxumba e querela
“Pobrema de estambo e da espinhela”
Nos dez de galope na beira do mar.




O meu jaqueirês é uma língua arretada
Até o estrangeiro aprende depressa
Três dias de feira e ele logo a professa
Ouvindo a língua matuta e falada
Depois o doutor toma umas lapadas
Da boa “temperada” do Alfredo Colar
Depois do efeito se dana a conversar
Miolo de pote e outras coisas também
Com os matutos se assim o convém
Nos dez de galope na beira do mar.



O seu idioma que é universal
E tem os traços de uma tradição
Careta e gesto em toda expressão
Trazendo um brilho que é sem igual
Quem não entender que é natural
Se engasga na pinga na porta do bar
Confunde caatinga e “cheirim” de gambá
Caxumba, papeira e cabeça de prego
Passando colírio para quem é cego
Nos dez de galope na beira do mar.




No meu idioma tudo é muito bacana
Meus irmãos matutos e uma nova língua
No meio da feira tomando uma pinga
Tendo como tira-gosto madura banana
Matuto é cabra sabido e muito legal
Em todo lugar ele gosta de estar
Observando e sempre aprendendo
Com sua viola pra cima e pra baixo
Eu também sou matuto por isso entendo
Nos dez de galope na beira do mar.




O matuto tem tal compreensão
Que as nuvens do céu sabe entender
Se amanhã é de sol ou vai chover
Se é dia de plantar milho ou feijão.
Ele sabe governar uma nação
Mesmo com um jeito estranho de falar
Há quem não consiga com ele conversar
Mas é um cabra tão inteligente
Que do Brasil um já foi até Presidente
Nos dez de galope na beira do mar.





Anatomia de matuto jaqueirense é assim
Pau da venta, zói, queixada e perna é canela
Beiço, cangote, suvaco, viria e guela
Mas não gosta das coisas cheias de pantim
Tem um jeito bonito da gota de falar
É bucho, chibata, cambito e pêia
Tripa gaiteira, buchada e zurêia
O bacamarte sempre tá pronto pra atirar 
Mas não mangue dele pois vai se arretar
Nos dez de galope na beira do mar.




Eu hoje fiquei malassombrado
Num pesadelo eu vi a caapora
E acordei depressa, sem demora
Pensei ver o Saci bem ao meu lado
Eu acho que tava vendo tudo errado
Rodrigues era um gato maracajá
Vital Corrêa imitava um sabiá
O Coronel cantava uma embolada
E Joel dava aquela gargalhada
Nos dez de galope na beira do mar.




Poetas preferem pois praticar poesia
Particularmente pelo prazer permanente
Pensando poder prosseguir previdente
Perfazendo percurso pela porfia
Permita-me porém parar para pensar
Preciso poetar por proficiência
Peço-lhe perdão pela paciência
Palavras prolíficas prefiro procurar
Pronto parei profundamente para praticar
No dez de galope na beira do mar.





Caro amigo Ricardo que é Guerra
Mas proclama a cultura de uma paz
No galope você provou que é demais
Cantando as belezas de sua terra
Cada verso que você encerra
Tem uma riqueza no seu linguajar
Por isso terminemos com esse pelejar
E não posso mais acompanhar você
Pois me faltam palavras na letra pê
Nos dez de galope na beira do mar.


Fim do galope.



22 de março de 2017

CONCEITO DE LITERATURA

"Literatura é a arte da palavra sempre carregada de muitos significados. Moldada pela invenção, constrói mundos paralelos ao real e investiga, de maneira simbólica, a vida de todo e qualquer ser humano, através do prisma metafórico de um autor. Particularmente, acredito que seja fuga constante, para um mundo possível, mesmo que isso só aconteça no âmbito da imaginação. Enfim, é a arte que se reveste de esperança, ainda quando delineia o caos." 
A. Gommes, Palmares, PE, abril de 2016.