27 de julho de 2017

A FAMÍLIA VAI ALÉM DE UM CONTRATO SOCIAL


Admmauro Gommes
Poeta, cronista, palestrante, professor
de Literatura da FAMASUL (Palmares/PE)
admmaurogommes@hotmail.com


Por ser a primeira instituição criada, e que se mantém tradicional, a família tem lutado muito para se adequar às regras de nosso tempo. Ninguém tem dúvida de que nos últimos anos tudo mudou, e que ela também vai mudar. O problema é saber onde exatamente cabe a mudança. Mesmo que assim se entenda, será impossível alterar sua essência. Traços como afeto e ternura, comunhão e partilha são indissociáveis de seu núcleo. Para que não haja confusão, é bom destacar a linha tênue que divisa casamento e família, família e empresa, o que faremos mais adiante.
Parece contraditório, mas ainda nesta era de tanta tecnologia e modismos universais, os preceitos para se criar filhos obedecem a uma forma instintiva por parte da mãe e do pai. Tanta psicologia não tem dado conta para explicar e orientar as infinitas reações diárias que os filhos emitem (ou omitem). Não se pode colocar o rigor formal de uma cartilha para instruir uma descendência, pois os mesmos mecanismos utilizados com sucesso por uma mãe, no filho primeiro, não funcionam adequadamente no segundo, porque este é outro e a mãe também é outra, para lembrar Heráclito (não se passa pela segunda vez no mesmo rio). As sugestões científicas, postas como normas, podem indicar favoráveis caminhos mas não garantem a eficiência dos procedimentos utilizados nos diversos casos.
Na verdade, os manuais pouco ajudam. O cuidado com a aplicação de infindáveis regulamentos, táticos e técnicos, na condução do lar, pode ser perigoso e transformar a família em uma empresa. Esta visa primariamente ao lucro e não deve ser domesticada pois, ao perdoar as dívidas, a falência será inevitável. Enquanto aquela, procura a satisfação e o bem-estar de seus componentes e não pode ser administrada como um CNPJ porque transformaria afetos em números. Confundir empresa com família é decretar a falência de ambas. Como representam polos distintos, os fins a serem alcançados são diferentes, constituindo-se grande erro entender a organização familiar como bolsa de valores, que quantifica o benefício e o transforma em ganho. Certamente, nenhum pai espera ressarcimento de tudo quanto investiu na formação de seu filho.
            Que ninguém se engane, o casamento, enquanto instituição social, vai continuar sofrendo as mutações de cada geração, mas a família permanecerá. Um dos maiores golpes, felizmente fracassado contra a família (não contra o casamento) foi elaborado por Platão, em A República. Nesta obra, o filósofo sugere que todo homem fosse criado pelo Estado, logo após o nascimento, bem longe do seio materno, para que se apagassem os vínculos afetivos. A ideia era fortalecer o Estado como dominante absoluto, anulando a base doméstica o que, segundo essa proposta, isentaria o ser humano de se envolver emocionalmente ao julgar ou favorecer os seus, pois não mais os conhecia. Na verdade, o plano era destruir o núcleo familiar. Mas isso não aconteceu e nem vai acontecer, pois o humano desprovido de sentimento não é mais humano e sem a família todos perdem a raiz e facilmente se evaporam.
           


21 de julho de 2017

FOME EM TEMPO DE VACAS GORDAS

Admmauro Gommes
Escritor, Poeta e Professor de Teoria Literária
da FAMASUL/Palmares (PE)
admmaurogommes@hotmail.com


Chegamos em uma época difícil de se viver, onde fartura e escassez se confundem. No mundo atual, se tem muito dinheiro e muita gente passando fome. É impressionante, tanta moeda em circulação, no entanto demonstramos não ter competência para administrá-la corretamente. Neste tempo, tudo se inverte: depois da bonança vem a tempestade (e os efeitos das enxurradas). 
Há muito, desejava-se que o salário mínimo no Brasil fosse igual a US$ 100 (cem dólares). Segundo os economistas, esse valor seria ideal para uma família pobre viver razoavelmente. Nos últimos anos, o salário tem girado em torno dos US$ 300 e mesmo assim continua-se com dificuldade em controlar as finanças pessoais. A razão é simples. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) estima que o salário mínimo ideal para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ser, em 2017, de R$ 3.856,23. A conta não fecha mesmo, porque a carestia supera os ganhos do trabalhador.
Quer ver outra coisa? Antes, um partido político juntava níquel para fazer comício ou campanha eleitoral. Filiavam-se os partidários juntando tostão por tostão para enfrentar os poderosos. Hoje, o dinheiro é tanto que não se sabe onde guardar, ou esconder. Se em conta no exterior, em malas, por dentro das meias, ou até mesmo escondido nas cuecas dos políticos. “País rico é um país sem pobreza.” Que sabedoria tem esse slogan adotado pela Presidente! Seria melhor dizer: “País rico é o que sabe administrar suas riquezas.” 
E o mais decepcionante: vemos todo dia milhões e bilhões de nossas cifras serem escorridos pelos ralos. Assim, os ditos populares caem como uma luva para quem não teve educação (e/ou honestidade) financeira: “Não se deve dar gordura a rato magro; Quem não tem costume de comer mel, quando come, se lambuza.” Nesse contexto, o rato magro se encaixa melhor como alegoria da “festa” nacional. Não sei se é mais fácil se conduzir nos tempos de vaca magra, pela humildade. Só sei que há muito boi gordo no frigorífico, enquanto o povo passa fome.  
Tem outro porém. O trato com o dinheiro exige perícia.  Seu manuseio, para quem não sabe utilizá-lo, pode arruinar facilmente as economias domésticas. E quando se desfalca um país, “aí, a vaca tosse” e a situação fica mais complicada, pois atinge as famílias e se comprometem futuras gerações. 
Mas tem jeito. Bastava que se transformasse em lei uma sugestão de um cobrador de impostos do início do Cristianismo, para resolver de vez a questão. Quando Zaqueu, personagem bíblico, disse a Jesus que se tivesse defraudado alguém, devolveria quadruplamente, ou seja, quatro vezes mais... Já pensou? Se isso acontecesse nos dias de hoje, salvaríamos de uma só tacada o Rio de Janeiro, o Rio Grande do Sul, Minas e a Petrobras. Quadruplamente! 


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A VACA, O BOI GORDO E O FRIGORÍFICO
Neilton Farias

Não me surpreendo mais com a perspicácia das críticas contemporânea feito pelo professor Admmauro Gommes. O autor consegue fazer uma reflexão apurada da condição econômica do brasileiro de forma individualizada, familiar e em sociedade como um todo. Com isso ele demonstra a incapacidade no gerir a economia, incapacidade resultante não só em não saber administrar os ganhos, mas principalmente, porque esse ganho não segue com a mesma eficácia na manutenção da mesa. Nesse aspecto, a crítica admmaureana nos exime de forma individual e família na (in)competência de gerir esses bens.

Se o texto finalizasse aqui, dar-me-ia por satisfeito, entretanto, o nobre professor demonstra que essa inliquidez (falta do líquido – recurso financeiro) é de certa forma seletiva, melhor dizendo, a grande maioria é pobre em um país de ricos, isso, por ter muito dinheiro onde não deveria ter (nos ralos, em conta no exterior, nas malas, nas meias, até nas cuecas), acrescenta ainda, “E o mais decepcionante: vemos todo dia milhões e bilhões de nossas cifras serem escorridos pelos ralos”. 

A interdiscursividade de Gommes é contundente, no que se refere ao contexto atual, em especial no que remete às denúncias da JBS, quando diz: “Não sei se é mais fácil se conduzir nos tempos de vaca magra, pela humildade. Só sei que há muito boi gordo no frigorífico, enquanto o povo passa fome”. Para isso o autor traz para o diálogo, palavras do campo semântica da respectiva notícia, a exemplo de “vaca”, “boi gordo” e “frigorífico”.

Para finalizar, ele traz uma dica de como deveria ser feito para acabar com a bandalheira toda em que estamos inseridos. O Brasil rico de pobreza entre os pobres passasse a ser um país rico para todos.

18 de julho de 2017

VITAL AO VIVO NA INTERNET

Vital Corrêa de Araújo, sempre que pode, demonstra sua resistência à internet, mas nesta noite (18/7/2017), às 21h, ele e seu filho, Murilo Gun, bateram um longo papo, por mais de uma hora no Cri Cri Cri - Criando Crianças Criativas. 


No programa ao vivo, falaram de tudo. Criação de filhos, despertar da criatividade na infância, fracasso e sucesso. VCA considerou como patologia social a interferência desmedida dos pais, cerceando a vontade/criatividade dos filhos. 

Mas, enfim, reconheceu que o mundo digital pode incentivar e acelerar o conhecimento, quando usado com esse propósito.


Eles deram um show de humor (e ampla visão de mundo) em dose dupla.