(do livro Elegias Matinais – 1992)
Existe uma Palmares
quase imperceptível
sensorial
domesticada;
distante das impressões
reveladas
por seus poetas maiores
divergindo
do 'negro de
Jesimiel'*
que ainda se banha
nas águas
do rio Luiz
Berto Una da Besta;
da cidade antes de seus ilustres
antes dos Ascensos
antes dos Zumbis
antes dos engenhos ...
Existe, de fato
uma Palmares feita de luz
que fascina
a todos
pelo seu presente
que nos serve
de bússola regional
de cérebro
de corpo
de alma
e é viva
e nos impressiona
iluminando os olhos
de quem lhe conhece
pela primeira vez.
É
pena que os filhos de Palmares
não saibam disso.
O APÓSTOLO DOS
PALMARES (maio/97)
Convido, de ontem,
as musas
a contemplar o inaudito
olhando se
o meu escrito
não toma formas obtusas.
E as de hoje,
trazendo pérolas
coloquem
num ser auréolas.
As ninfas, felizes,
flóreas
escolheram com fulgor
a Matias, o professor
que prosseguiu sem vanglórias
Foi como na Sacra História
num sorteio acontecido
sendo Matias escolhido
pra conservar a memória
do Mestre e seus ensinos.
Cumpriste com os desígnios
hoje és mestre em freguesias
pulaste
num resplendor
de discípulo a mentor
Mestre Amado Matias.
Reflete
a face euforias
quero
dar-te um novo nome
que não baste
o teu renome
de
Amaro Mestre Matias.
Além da minha oferenda
és mito, quase uma lenda
Cidadão em tantos lugares.
Escritor, poeta, mas
daqui pra frente serás
o Apóstolo dos Palmares.
3. POEMA PALMARES
Canto a grandeza de uma terra
que encerra as lutas de Zumbi
pelos Quilombos dos Palmares
fizeram história de amor por ti.
Canto do forte e
do feliz
de Assis, Paranhos e de
Portela
dos Magalhães e dos Betos
que até hoje lutam por ela.
De festa, sonho e
dos amores
de seus pintores e bons poetas
de Juareiz, Ascenso e Nito
de
Telles Júnior e de La Greca.
Engenho Verde e Esperança
desde criança ouço falar
como bem disse
o teu poeta
todos esses nomes fazem sonhar.
Palmares,
o teu amante
mesmo distante,
lembra de ti
quem te visita sente saudade
tanta saudade de
Piranji.
4. PALMARES
Como fugir de tuas curvas
de teus lábios violeta
das mãos que me acariciam
nas horas incertas.
Do sorriso promessa
do afago sincero
da luz de teus olhos
- colírio e veneno.
Como correr ao distante
se tenho sempre comigo
em arquivo secreto
entre as páginas do livro
o encanto que denuncia
vontade
e a vontade que encanta o
peito
o leito desalinhado
todo projeto desfeito.
Amanhã é um novo dia.
Quando acordares
estarás sozinha.
5. PALMARES NA CHUVA
Entre prazeres e
azares
a sorte esconde as
luvas.
Em dias de fortes
chuvas
o medo assusta
Palmares.
Eu olhava a rua que dobra
as águas vinham subindo.
Que filme triste
assistindo
as águas como uma cobra.
Depois que passa a
chama
do pânico que incendeia
se vê a cena mais
feia
o mundo cheio de lama.
Limpando a dor que finda
logo aparece a
bonança
com raios de
esperança
surge Palmares mais linda.